Falar
sem pensar invariavelmente é um problema. Dar asas a imaginação, criar
desdobramentos para uma única cena e daí assumir que suas conclusões são
verdades absolutas e então sair acusando é no mínimo, uma temeridade.
Relacionamentos são
complicados. Por mais que se ame, respeite e admire a pessoa ao lado, há sempre
uma voz (infame) no fundo da sua cabeça que te coloca a pensar... a questionar o que você tem (por melhor
que seja).
Afinal... nada pode ser assim tão bom, certo? Não
existe a felicidade absoluta, logo, se tudo aparenta ser tão perfeito é porque
certamente há algo muito errado que não estamos enxergando.
Aí a paranoia
assume as rédeas e você deixa de responder por si. Perde-se em suas próprias
fantasias acreditando que as teorias mais mirabolantes possíveis são de fato a
realidade, e a realidade de fato é mera ficção.
Com isso
desencadeia-se uma série de questionamentos, testes e provocações (vulgo, alfinetadas), até culminar na fatídica DR (carinhoso apelido para “discutir a
relação”). Aflora-se um turbilhão de sentimentos incubados e alimentados
somente por você, e o outro, alvo de artilharia pesada, fica ali, rindo meio
bobo, sem entender o que está acontecendo.
Até que ele percebe
que não está rindo por ser bobo, mas por achar aquela situação tão ridícula e
tão fantasiosa que não há outra reação imediata possível. Sim, porque passado o
choque inicial, vem aquela onda de revolta.
“Como assim você desconfia de mim? Que absurdo é
esse? Por que eu não faço nada mais na minha vida que me dedicar a você... e ainda assim você
não confia em mim?” E pronto, armou-se a zona de guerra. Eis que o
outro começa a refletir e sua conclusão (lógica) é que se você desconfia é
porque não é digno de confiança... inverte-se os papéis e o acusador de repente se dá
conta da grande bobagem que fez.
Mas agora já é
tarde. O acusado, vítima no caso, já está processando as informações, e ele
mesmo já criou suas próprias teorias mirabolantes, com soluções e desculpas
estapafúrdias, mas que em sua concepção fazem todo o sentido do mundo,
exatamente o mesmo processo pelo qual passou o acusador.
E
nessas horas, se não há uma base sólida (sim, porque apaixonados tendem a ser ridículos),
tudo aquilo que foi construído com tanto amor e dedicação desmorona tal qual prédio
implodido.
Não
peque por isso. Ter dúvidas parece-me ser normal, e você pode (e deve) saná-las
o mais breve possível (não convém criar um monstro embaixo da sua cama). Todavia
escolha muito bem o método de abordagem. Sabendo perguntar, não há pergunta que
ofenda.