segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Hanoi / Halong Bay, Vietnam - Parte I

Faltando um mês para deixarmos Macau para trás, marido encasquetou com uma escapadela romântica na cênica Halong Bay, Vietnam. Lá fui eu atrás de imagens no Google e de fato, parecia incrível. Dessa vez, porque era ideia dele, ficou tudo a seu cargo e eu só fui palpitar no tipo de cruzeiro a ser feito porque ele achou que havia opção melhor do que ele havia reservado.

Nem precisei pesquisar muito e achei um relato de uma brasileira que havia passado por lá mencionando a poluição, nossa vilã favorita. Disse isso a ele, mas porque estava tão empolgado com o lugar (tanta propaganda de amigos) e tão desesperado pra fugir de Macau que fez-se de surdo.

Saímos de “casa” com a poluição batendo os 140 (de acordo com a Organização Mundial de Saúde, o máximo indicado é 60, para uma vida saudável). Chegamos em Hanoi com 184!!! E pra completar o quadro eu esqueci minha fiel companheira de aventuras asiáticas (minha máscara).

Absolutamente impotentes rumamos para o hotel, de longe o pior pulgueiro que já nos enfiamos. Nem deu para achar graça, o pânico de não conseguir respirar era tanto que consumiu boa parte da noite onde tentávamos achar uma solução por meio da decrépita internet oferecida (mas existente, não estou reclamando).

Quando digo que chego em casa e abraço meu purificador de ar ninguém me leva a sério. Mas é inexplicável a alegria e conforto que se tem ao entrar em um ambiente que você sabe estar seguro. É como colo de mãe depois de um pesadelo. Não sou fresquinha nem nada, mas dessa vez me rendi ao medo e lá fiquei na cama, morrendo como um peixe fora d’água.

Ao amanhecer o plano A era voltar pra casa. Mas a confusa Air Macau disse que alguém em Macau (oi??? nunca ouviu falar em cartão de crédito???) precisava pagar a multa de alteração de voo que era praticamente o preço de outro bilhete. Como também foi impossível cancelar as demais reservas, o jeito foi ficar e tentar se proteger da melhor forma possível.

Pôs-se em curso o plano B, conseguir as tais máscaras. Aqui ao menos consegue-se compra-las sem ser por encomenda da internet. Sete e meia da manha, a lojinha atendeu nosso chamado (uia, que impactante, hehe) e depois de muita (mas muuuuuuita) insistência e explicações (não senhora, não podemos ir a Hanoi porque estamos no aeroporto no momento e temos que chegar em Halong Bay - que fica no sentido oposto - antes do meio dia sob o risco de perdermos o barco) a vendedora concordou em nos enviar as tais bóias da salvação máscaras.

Eba, em 20 minutos o motoboy deveria nos encontrar e entregar “a mercadoria”. Uma hora depois, com o motorista fervendo de raiva no celular, achamos o tal entregador no meio da rodovia (o lugar marcado mudou umas cinco vezes porque o tal banana, digo, motoqueiro não era o ser mais esperto do mundo). Mais telefonemas (nem motorista nem entregador falavam inglês e nós sabemos absolutamente nada de vietnamês) e tempo depois pagamos as mascaras e seguimos viagem.

No momento estamos a caminho do barco, e a não ser que a poluição esteja me pregando peças, acho que vai chover… Observando as pessoas que passam por nós tenho que reconhecer, os vietnamitas se cuidam muito mais que macaenses ou hong kongers. De cada cinco pessoas ao menos quatro estão com uma mascara similar a nossa, que conforme o Google (nosso oráculo, como se percebe) é o que se encontra de melhor por essas bandas.

domingo, 10 de agosto de 2014

Copa do Mundo em Macau

Eu não tinha reparado se macaenses eram ligados de futebol antes de toda a movimentação da Copa do Mundo. Na minha completa ignorância pensava chineses desconheciam o esporte. Ainda não estou certa de quanto de regras eles entendem, mas de festa, fashionismo e decoração, eles são mestres.

Meses antes dos jogos começarem, proliferavam pelas ruas camisas canarinho. Pessoas de todas as idades, fossem homens ou mulheres. Cheguei a perder as contar de tantos bebes vestidos de Brasil, pequenos em bando, senhores, senhoras. Aquilo me contagiou e lá fui eu atrás da minha amarelinha (tinha uma barraca em cada esquina). Comprei o uniforme completo, inclusive com os calções (que estão abandonados em algum lugar do meu armário, sem qualquer serventia).

A Copa passou e gradualmente fui vendo o verde-amarelo desaparecer das ruas. Com o massacre sofrido contra a Alemanha e a derrota para Holanda, mesmo nas finais o Brasil deixou de ser ostentado com orgulho.

Agora, tempo depois do fim da Copa ainda vejo incontáveis camisetas de time em todos os lugares. Mas o que era Brasil virou laranja holandês, branca e azul da Argentina e claro, Alemanha. O Brasil foi esquecido, substituído por times mais competentes e com desempenhos melhores.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Vertigem Posicional Paroxística Benigna

Não muito tempo atrás, uns quatro anos talvez eu tive uma crise de labirintite aguda. Acordei no meio da noite com o mundo girando como se eu estivesse no Enterprise (aquele brinquedo que todo Parque de Diversões tem) e fiquei lá, no maldito carrossel enlouquecido por cinco dias.

Olhos abertos ou fechados, não fazia qualquer diferença. Eu não podia deixar a cama porque simplesmente não conseguia levantar. Para ir no banheiro ia me batendo nas paredes, sem controle nenhum, ou ainda mais ridículo, ia rastejando pelos corredores.

Éramos o balde e eu (sim porque com tantas voltas não tinha o quê parasse no estômago). Honestamente não desejo isso para ninguém. Horrível, horrível.

Quando finalmente consegui ficar em pé fui no hospital. E porque a médica estava a esquerda e eu dei de cara na parede da direita, imediatamente ela prescreveu: labirintite! (gênia!!!). Em cinco minutos eu tinha um punhado de remédios na mão, nenhum exame e algumas poucas perguntas de praxe.

Obviamente de nada adiantaram os remédios (para enjoo???), vá lá, dinheiro público jogado no lixo. A tontura foi embora por conta própria. Na mesma época eu tinha começado aulas de equitação e me achava péssima. Por mais força que tenho nas pernas eu não conseguia ficar em cima do cavalo. Caí tantas vezes que já estava escolada, até que meu último acidente foi mais sério e me fez desistir das aulas.

Uma busca rápida no Google e eis que labirintite é um sintoma e não a doença em si. Ou seja, continuei sem saber o que tinha desencadeado a crise.

Certo dia nos Estados Unidos, as vésperas de embarcar para a Inglaterra e com todo o drama de conseguir ou não levar a Nina, meu mundo começou a girar de novo. Gradualmente ia tendo episódios de vertigem mas não dava importância (não é nada ou é só stress eram minhas desculpas favoritas), até que num belo domingo me espatifo no chão da cozinha em frente ao digníssimo. Sem choro nem vela, lá fui eu pro hospital.

Dessa vez era quase um episódio de Grey's Anatomies. Passei um dia inteiro fazendo exames e entrando e saindo de máquinas. Diagnóstico: inconclusivo. Bem, descobriram que minha máscara do sinus estava congestionada e que eu sou alérgica a pelos (daí as quedas do cavalo) e a Nina dormia comigo.

Daí... mais remédios e pude viajar relativamente bem (tive uma dor nos tímpanos na hora do pouso que me fez chorar horrores). Mais um ano, agora em Macau, Opa (já contei dele aqui? Meu dog velhinho chinês?) dormindo no quarto e o mundo voltou a girar. Entrei em pânico! Dessa vez, após ter expulsado o Opa do quarto e evitado tudo que é tipo de pelos, eu mesma perguntei pro médico o que poderia ser e em um teste alguém finalmente prescreveu: BPPV (Benign Paroxysmal Positional Vertigo).

No site da Mayo Clinic (recomendada pelo meu médico chinês): Benign paroxysmal positional vertigo (BPPV) is one of the most common causes of vertigo — the sudden sensation that you're spinning or that the inside of your head is spinning. Benign paroxysmal positional vertigo is characterized by brief episodes of mild to intense dizziness. Symptoms of benign paroxysmal positional vertigo are triggered by specific changes in the position of your head, such as tipping your head up or down, and by lying down, turning over or sitting up in bed. You may also feel out of balance when standing or walking. Although benign paroxysmal positional vertigo can be a bothersome problem, it's rarely serious except when it increases the chance of falls. You can receive effective treatment for benign paroxysmal positional vertigo during a doctor's office visit.

Ou em bom português, nos termos do Wikipedia: Vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) é uma condição benigna causada por problemas no ouvido interno. Seus sintomas são episódios repetidos de vertigem posicional, ou seja, uma sensação rotatória causada por mudanças na posição da cabeça. A vertigem e os demais sintomas da VPPB são atribuídos ao deslocamento anormal das partículas de otólitos provenientes da mácula do utrículo, que excitam a ampola de um ou mais canais semicirculares, transformando-os em órgãos sensíveis à gravidade. Esta disfunção ocorre de forma idiopática em muitos pacientes, mas pode ser secundária ao envelhecimento do sistema vestibular, ao traumatismo da orelha interna, a doenças otológicas, à labirintite, à neurite vestibular, à insuficiência circulatória na distribuição da artéria vestibular anterior, ao uso de medicamentos ototóxicos, à hidropisia endolinfática, à migrânea, entre outras causas. A vertigem posicional benigna é uma das formas mais comuns de vertigem e é tratada através de manobras de reposição dos otólitos do ouvido interno.

Daí que as tais partículas podem ser pelinhos do próprio ouvido (eeeeecaaaa) ou poeira que meu corpo não consegue expelir. Eles acumulam, pesam, apertam o labirinto e tcharam! O mundo gira! O médico chinês fez um exercício, repetidas vezes. A cada repetição menos tonta eu me sentia até que por fim não tinha mais nada!!!

O milagre chama-se Manobra de Epley (Epley Manouver) e o video abaixo mostra como deve ser feito. Se procurar por BPPV no próprio Youtube há mais formas de tratar. Assim, só com exercícios, sem remédios nem sofrimento!

Compartilho a experiência esperando que possa ajudar alguém, pois sim, eu sei como são horríveis essas crises de labirintite e como é ruim não saber o que se passa, e pior, seu médico também não ter ideia alguma!


sábado, 12 de julho de 2014

Inveja

I heard this from you so many times that I lost the count: "you are jealous"... You are jealous because my work allows me to go everywhere in the world. Because I have a better payment, actually, because I have a job. You are jealous because I can go out every night, hang out with my friends, get drunk and have fun. You are jealous because you are not so sharp as I am, to be honest, as sharp as you usually be. You are jealous...

And I think with myself how painful is hear this and how hard it is to explain how wrong you are and which are my truly reasons. My horrible English create that barrier that you just can't understand what I mean...

Well sweetheart... I had a life that I happily abandon to follow you. I had a promise that wasn't fulfilled. I open hand of my entire life to live in USA. After a year, full of excuses that for me only sound as muttering for my ears... Ok, you wasn't happy, the future scenario was dark as the ghost stories, we move to Asia.

I struggle to adapt, to create a routine. I only moved once in my entire life, and that was one year before come here. But I'm probably jealous of your ability to find new places, of your detachment.

End up that I finely find my way here. Create a life for me and ends up that here is not good enough for you. So (sooooooo) many bad things to said about such a small country. So here we are, on the road again, close to reach the end of the world, where, literally, civilization still miles away.

And I will need to fight for the rights that I had all my life. I am the one who will need to find my way. I am the one carrying the heavy bag so than you can enjoy your dream job.

I'm jealous of your poker night when you had so much fun with your friends until the point that you end up in a chinese karaoke bar. Yes... k-a-r-a-o-k-e-b-a-r... And with me, all the music in all the dance clubs are too bad (not for me, I can dance alone, right?), better stay with your friends in the bar...

And when in the next day (if) we go out you are as happy as today? None that I can remember... but I have a golden fish memory that only hold the bad moments.

Do we ever went out alone and actually had fun? Can't remember to be just a couple, there is always so many people around...

I'm not jealous. I'm bitter.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Vórtice

Ah esse vazio abismal que preenche a alma quando não há mais nada que te distraia da realidade.

domingo, 22 de junho de 2014

O chinês e a capa de chuva

Saí domingo, sabia que ia chover mas não queria carregar minha sombrinha gigante prá lá e prá cá (vai que não chove), por isso peguei minha capinha de chuva recém encontrada (tantas lembranças), dessas que a gente usa pra ir nas Cataratas, a transparente, sabe?

Meio da missão, tcharam! Cai o mundo e eu faceira ponho minha capa. Convenhamos que ficar seca do joelho pra baixo era impossível mesmo com um guarda sol, mas pensei que minha bota a prova d'agua fosse segurar a parada (puééen).  No mais estava bem feliz com o resultado até prestar atenção ao me redor.

Sério... Chineses me olhavam como se eu fosse de Marte (alou? Quem é que vai de pijamas no mercado???). Não entendi mas nos dez blocos entre onde eu estava e o ponto de onibus eles chegavam a esquecer da chuva pra me olhar.

No ônibus emagreci uns dois quilos... Vai entender...

sábado, 21 de junho de 2014

Chandelier

Descobri que quando tenho coisas sérias pra fazer, como trabalhar e planejar o futuro (ai que saco isso!) corro prá cá. Posto coisas, leio bobagens. Ah esse vórtice chamado internet!


Asas

Dia desses, folheando meu diário (aquele caderno que guarda os segredos pesados demais para serem postados aqui) achei essa poesia. Escrevi há tempos, mas certas coisas nunca mudam.

Certo dia ganhei asas e aprendi a voar,
Fui cada vez mais alto, cada vez mais longe
Até que um dia, enquanto planava pelo infinito
Arrancaram minhas asas e eu caí.
Machucou tanto!
Mas o que dói mais é não poder voltar a voar.

Falta um pouco de coesão, eu sei... mas achei bonitinho!

O Mundo Segundo os Brasileiros - Macau

E foi ao ar o programa! Pensa em alguém ansiosa!!!

Obrigada demais a todos que compartilharam comigo esse momento e por mandarem "flashes ao vivo" para aplacar a minha angústia. Acabei de assistir e achei que apesar da metralhadora falante não me saí tão mal, huh?

Macau é sim incrível e já que eu não posso tê-los aqui comigo, essa foi uma forma de ao menos vcs terem um pouquinho da minha vida. Por sete minutos estivemos juntos. Nossa, que tristeza que me deu agora...

Eu vivi dois momentos muito especiais com esse programa. O dia da gravação, que me possibilitou fazer as "maluquices" que vcs viram, além de ser famosa por um dia (a quantidade de fotos que tirei com a chinesada impressiona). O segundo foi hoje, com toda a movimentação e expectativa. Obrigada pelos chats no whatsapp e face e por todo o carinho. Amo vcs!

Pra quem perdeu e quer ver, segue o link. Mil beijos a todos!!! Saudades sempre!




Miss Independência?

Eu nao sei ser independente. Se eu amo, simplesmente nao entendo o conceito de individual pois acredito piamente que a união nos torna um.

Cuido, velo, sufoco, eu sei. E espero o mesmo. Estou errada? Deveria seguir minha vida como se meramente tivesse um colega de quarto?


Quando foi que virei esse monstro, que sofre sozinha e sente tanta pena de si mesma? Onde foi parar meu orgulho, meu brio?


Onde foi que me perdi?


O mais triste é que ultimamente até o cachorro tem fugido de mim.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Resenha: Protetores Solares Biore UV Aqua Rich

fotos extraídas da internet

Motivação para compra: quem não precisa de protetor solar nos dias de hoje? Eu enfrentei uma verdadeira saga até achar esses da Biore. Isso porque sou chata com tudo! Textura, cheiro, grau de "melequê", embalagem, qualidade e preço. Dos produtos que encontrei no Brasil não gostava de nenhum, e olha que testei todos os populares disponíveis nas farmácias e supermercados. Nos EUA fui de Neutrogena, mas o cheiro, textura e grude não me agradaram. Chegando aqui em Macau, com todos as embalagens em chinês, resolvi arriscar um desses. O primeiro foi o tubo pequeno facial, o Biore UV Aqua Rich Whitening, e pronto, APAIXONEI!

Descrição: Biore Aqua Rich Whitening Cream SPF 50+ PA+++ (tubo branco fino) provides superior UV protection yet has a watery light texture that is instantly absorbed with no sticky feel! It also contains Naturally deprived extract - Chamomile ET to fight dark spots, Hyaluronic Acid and Citrus extract to hydrate and soften skin. Suitable to be used as a makeup base.
Biore UV Aqua Rich Watery Essence (tubo azul) contains unique Aqua Micro Capsules with UV block ingredient to provide superior SPF 50+/PA+++ protection while keeping skin cool and refreshed. It is enriched with Hyaluronic Acid & Citrus essence to hydrate and soften skin. Its water-based texture spreads easily and get adsorbed easily without a white cast. Suitable to be used on face and body.
Tradução em resumo: textura leve, alta proteção e sem grude.

Resultados: comparando custo x benefício é o melhor protetor que já testei e virou meu querido (tenho um na bolsa) de todas as horas. Por aqui eu pago $90 MOPs em média (uns R$ 22,00), mas ele rende bem (principalmente o do rosto).

Outras impressões: O "branqueamento" prometido não consiste em apagar as marcas que você já tem no rosto/corpo, mas sim evitar que novas marcas apareçam. Toda vez que me expus ao sol com outros protetores ganhei diversas sardas. Não com os produtos da Biore. Passei um dia inteiro em alto mar, só com esse potinho, sem nenhuma outra proteção a não ser um boné e não tive uma queimadura sequer. Um leve e saudável bronzeado é o máximo que se obtém. O cheiro lembra de leve cola tenaz (é bem fraco e some logo após a aplicação), a absorção pela pele é super rápida, sua textura gel não deixa traços (ou seja, sem grude, sem reboco). 

Sick, sick, sick!

E depois de trinta dias respirando o ar mais puro do mundo, volto a Macau direto para minha prisão domiciliar. Há uma semana trancada em casa, abraçada ao purificador de ar, com minha alergia atacada e a cabeça explodindo.

Entrei na fase da tosse de cachorro. Quem sabe até o fim dessa semana não melhoro (por bem ou por mal). Até lá, sobe som:


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Brasil Burro I - Educação Política

Eu tenho andado tão enojada com meu próprio país que quando me perguntam se pretendo voltar a morar lá quase grito não. E não se trata da política corrupta e falha tão somente, mas de tudo que diz respeito a população em geral. Acho que cansei de brasileiros.

É imperativo traçar uma linha divisória entre os dois diferentes "Brasis" que enxergo. O geográfico, pelo qual entende-se tudo aquilo provido pela natureza, como as paisagens exorbitantes, fauna e flora inigualáveis e a beleza em geral que me enche de orgulho. E o político, formado basicamente de povo.

Ferve-me o sangue brasileiros e suas "coisinhas" irrelevantes a nível global mas tidas como prioridade nas discussões (quando) existentes. Seus discursos populistas - tão rasos, sua fúria fugaz, sua preguiça absurda (Macunaíma, finalmente te entendo!), seu falar errado, sua moral deturpada.

"É tudo culpa do governo". Por muito tempo eu neguei isso, querendo que cada um assumisse sua própria responsabilidade. Só que pensando bem, estão certos. De fato a culpa é do governo por ter deixado de ser governo para se tornar mãe, relegando a massiva população ao status de criança birrenta.

Quantas vezes não ouvi que "meus 319 filhos não vão para escola porque o governo não deu..." (insira aqui a opção que mais lhe convém). E desde quando isso é responsabilidade do governo? Onde está a sua responsabilidade como pai/mãe de CRIAR o seu próprio filho e lhe prover o básico???

Eu lembro dos meus pais cortando um dobrado para pagar a mensalidade da escola. Lembro que eu usava um tênis horrível, todo remendado (e era motivo de chacota dos riquinhos da turma, mas também tinha personalidade o suficiente para não dar atenção a isso), pois era o que podia arcar com e ele tinha que durar um ano letivo inteiro (ao menos). Lembro das histórias que minha mãe contava de que ela engraxava o jornal que colocava dentro dos seus sapatos para cobrir os furos e não deixar entrar frio, porque meus avós não tinham condições de comprar sapatos novos (e ela estudou em escola pública). Onde foram parar esses valores? O orgulho?

Penso que talvez esteja me cercando de fontes erradas, mas ao ver a entrevista da menina que precisa de uma roupa importada nova para cada "rolezinho" (que diacho é isso??) enquanto a mãe rala como doméstica sinceramente é surreal! Nesse caso a culpa é do governo ou da mãe que não soube educar a filha? Eu diria do governo, por ter assumido o papel de educador em busca de deixar o povo tão burro a ponto de não saber mais valores e moral.

Contudo, esse é exatamente o ponto onde o governo quer chegar. Com o "emburrecimento" generalizado, a falta de uma elite pensante e a total ausência de parâmetros morais e éticos fica fácil tornar o Brasil uma baderna, missão, aliás, cumprida!

O que vejo estando fora do Brasil (e respirando civilização) é que nós brasileiros (por óbvio, eu inclusa) somos burros, no sentido de ignorantes mesmo. Não por não termos inteligência (o jeitinho brasileiro taí pra nos defender), mas porque nos falta conhecimento e estímulo para buscá-los.

"Mas prá que eu preciso aprender história se não vou usar isso no futuro?". Porque você vai! Uma hora ou outra esses conhecimentos serão cobrados e isso tende a ser no momento mais inconveniente, ou seja, quando você está numa confraternização e longe do Google. Dia desses num jantar um senhor dinamarquês me deu uma verdadeira aula sobre política brasileira, nomeando TODOS os governantes desde a ditadura, seus feitos, fracassos e efeitos para História e eu sequer lembrava quem tinha vindo antes do Collor... fora que meu conhecimento acerca da vida política dinamarquesa (ou qualquer outra coisa que não seja a bandeira e cor do cabelo) é nula.

Converse com qualquer europeu, ou melhor, com qualquer pessoa não pertencente ao continente americano, e você terá uma saudável discussão em qualquer tópico mundial que escolher (já testei isso). Eles tem acesso a informação de verdade, debates de verdade e sabem mais sobre a nossa história que nós mesmos!

Enquanto isso brasileiros se isolam nas suas "comunidades" onde podem discutir burramente lindamente a vida dos outros. Ah, como gostam de picuinhas! Se falam de política, inflamam-se como fósforos, e já se apagam, afinal há uma regra velada de que não se deve aprofundar nesses assuntos.

Dia desses tentava listar pessoas com as quais convivi que eram dignas de admiração. Lembrei dos meus estágios jurídicos e sim, havia seres pensantes por lá, ainda que a grande maioria fosse fraca de caráter (no que tange ao trato as mulheres e a filosofia do "soy macho", matéria para um próximo texto).

Sendo o Poder Administrativo um maníaco controlador que transforma seus cidadãos em muppets, o Judiciário esse Olimpo inatingível sem colhões pra de fato se impor e por alguma ordem (poupe-me dos confetes jogados como cortina de fumaça para encobrir os conchavos políticos armados no backstage) e a mídia comprada (sem exceção), quem poderá nos salvar?

A mídia, aliás, é o que mais me frustra! Ela deveria ser nossa Atenas, justiceira e incansável, retirando os véu, mas pelo contrário, no Brasil presta um desserviço por ser ordinária, vil, covarde e pequena. Assista a tv holandesa ou acesse um dos três maiores sites de notícias de lá. A liberdade para dizer o que se pensa, doa a quem doer e sem o bullshit discurso do politicamente correto para talhar jornalistas. Ok, há lá suas falhas, mas ao menos eles tem coragem e o povo acesso a informações neutras, com a dádiva de poderem analisar por conta e tomar seu posicionamento de forma legítima, sem manipulações.

O Brasil é tão rico (culturalmente falando), tão grande e tão importante, que triste não define sua situação. Somos (nós, brasileiros) um bando de pirracentos mimados que consideram os Estados Unidos o supra sumo do Universo (estamos tão errados!).

Eu vivi nos Estados Unidos e portanto tenho conhecimento de causa. Asseguro que a maior virtude dos americanos é serem mestres em marketing. Só isso. Nós temos muito mais bagagem histórica e cultural, mas não nos valorizamos. Nos vendemos por marcas que para eles são populares (e lá custam baratinho). Um parênteses para a menina do "rolezinho": as marcas que ela citou, se usasse nos EUA seria considerada classe baixa, ou seja, tudo no mesmo e você não tem o reboco do seu barraco além de fazer miserável a vida da sua mãe!

Eu falei, desabafei, escrevi parágrafos, enchi esse post de letras, mas solução mágica não tenho. Aliás, tenho: internet! Com a imprensa comprada (sim, você assiste Globo, acompanha novelas - e isso não é mal, desde que se informe por outros meios) e voltada para manter-nos cegos. Com um governo satisfeito com os resultados que atingiu, afinal, quem de nós de fato levanta e luta? E demais poderes amedrontados, de novo, quem poderá nos salvar?

Precisamos de um herói e rápido. Vivemos num mundo capitalista que basicamente serve-se de explorar os mais fracos. Nós somos fracos e tolos sentados sobre uma mina de ouro. É impressionante que ainda sejamos soberanos!

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O Mundo Segundo os Brasileiros

O dia começou promissor, ônibus no ponto no horário esperado, pronta resposta da equipe na Macau Tower, mas ainda assim o nervosismo me acompanhou por todo o trajeto até o hotel onde me reuniria com a equipe de gravação.

Não sei explicar se as borboletas que se agitavam no meu estômago tinham origem no fato de passar o dia gravando um dos meus programas de TV favoritos ou se derivava da minha iminente queda do maior bungy jump do mundo. Ok, esse não era o meu primeiro salto, mas comparar 40 metros de altura quando se tem o espírito rebelde e no auge da sua adolescência aos 233 metros de queda livre que me aguardavam é até ridículo. Despedi-me do meu marido com mil I love you, e me entreguei a trilha sonora no sacolejante coletivo.

No hotel, ali no lobby mesmo, fui equipada com o microfone, enquanto diversos chineses me olhavam (ou ao menos eu assim pensava) enquanto sem qualquer vergonha subia o vestido e prendia os plugs por meia e decote.

Uma vez dentro do taxi, rumamos ao início das gravações. Na agenda estavam previstos Macau Tower, Portas do Cerco, MercadoVermelho, Three Lamps District, Hotel e Casino Lisboa, uma voltinha de triciclo e o encerramento com bolinho de bacalhau.

Começar a gravar foi estanho. Riso nervoso, insegurança com as mãos (estou mexendo-as demais? De menos? Meu cabelo está em ordem??? Droga... a postura, cadê minha mãe nessa hora pra me lembrar de ficar reta? E a voz... Deus, onde foi parar minha oratória? Fugiu... junto com meu vocabulário, só pode!). Achamos um lugar lindo, a beira de um lago (milagre!) de águas limpas, calmo e elegante. Lara me bombardeou de perguntas... não lembro mais o que respondi, só sei que deveria dizer que amo minha família e sinto falta deles (todos eles) todos os dias. Mas ao invés disse morrer de saudades da Nina. Isso é verdade, mas me persegue o remorso de não mencionar os meus... afinal, rede nacional não deixa margem para dúvidas (será que ainda posso acrescentar esse depoimento?).

Dali, Macau Tower. O Henrique, portuga gente boa que agilizou as coisas estava a nossa espera. Sessenta e um andares depois, o deck e a vista de tirar o fôlego. Gravamos algumas cenas, repeti a mesma fala diversas vezes e ouvi ilimitados “não olhe para câmera”/“descontrai”. Eu sabia que não seria fácil, mas não pensei que isso se daria por eu estar “profissional” demais.

Foi decidido que a primeira aventura seria o Sky Walk, imagino eu que para “relaxar” só que tudo que eu pensava ao olhar para baixo era “gente, vamos saltar logo antes que a coragem vá embora. O Sky Walk consiste em uma caminhada pela plataforma externa da torre, preso a um cabo (que eu torcia para ser de aço). Muito mais relax e divertido do que eu esperava, não demorou muito e eu já estava correndo e saltando como se estivesse a poucos centímetros do chão, o que levava ao delírio o horda oriental que me assistia, fotografava e filmava.

Aliás, essa é outra experiência surreal. Por três horas eu fui famosa, com direito a muitas fotografias, gritinhos e sorrisos. Sinceramente, não sei do que as celebridades reclamam, pois pra mim foi tão legal!

Desequipa e equipa de novo, dessa vez pro salto. Troca sapatos, tira mais foto, pesa e repesa (droga, como foi que ganhei cinco quilos naquela balança???), abre-se a porta da plataforma e o vento frio me abraça. Estou a dez passos do abismo, versão literal.

Temporariamente distraída pela pequena entrevista com o neozelandês que gerencia o local, não percebi que a fila que me antecedia já havia acabado até chamarem meu nome. Nesse momento meu sangue congelou e passei a escutar apenas um zumbido que só deu lugar a contagem regressiva, devidamente interrompida pelo meu pânico.

Era isso, hora de saltar. Foi pra isso que vim, certo? Mais uma regressiva e, ridiculamente como quem pula na piscina fazendo bomba, lá fui eu. Enquanto caía, tentava racionalizar. Sei que depois do pânico vem a euforia mas eu mal tinha me entendido na situação já era hora de desatar os pés. Um loop e lá estava eu sentadinha depois da queda. Missão cumprida e eu mais do que super feliz.

Dali, após um breve almoço fomos para as Portas do Cerco. Chegamos no início do rush, e talvez por isso a segurança não nos viu gravando na área de imigração de Macau. Já era tarde para irmos ao Mercado Vermelho, então pegamos um shuttle e caímos no meio da área de jogo do Grand Lisboa.

Ilegalmente e na cara dura, andamos por entre as slots machines, falando e filmando e quando a segurança nos viu, rumamos discretamente para a saída. Honestamente era o nosso dia de sorte. Mais takes, mais repetições, outras coisas de Macau, joalherias que são na verdade casas de penhor e a aventura de explicar para o senhor que guiava o triciclo que queríamos ir em três naquela cadeirinha.

A fila a espera de taxis na frente do Casino Lisboa era gigantesca e novamente foi impossível não me sentir “alguém”. Fim do dia, já estávamos cansados e o cérebro corria lento. O passeio no triciclo foi mais umas das coisas típicas que eu nunca tinha feito. Encerramos o dia com bolinhos de bacalhau e voltar pra casa trouxe uma certa tristeza e vazio. Encerrada essa aventura, agora resta planejar a próxima “arte” da Sra. Carol (ouço minha mãe falar).