quarta-feira, 23 de julho de 2014

Vertigem Posicional Paroxística Benigna

Não muito tempo atrás, uns quatro anos talvez eu tive uma crise de labirintite aguda. Acordei no meio da noite com o mundo girando como se eu estivesse no Enterprise (aquele brinquedo que todo Parque de Diversões tem) e fiquei lá, no maldito carrossel enlouquecido por cinco dias.

Olhos abertos ou fechados, não fazia qualquer diferença. Eu não podia deixar a cama porque simplesmente não conseguia levantar. Para ir no banheiro ia me batendo nas paredes, sem controle nenhum, ou ainda mais ridículo, ia rastejando pelos corredores.

Éramos o balde e eu (sim porque com tantas voltas não tinha o quê parasse no estômago). Honestamente não desejo isso para ninguém. Horrível, horrível.

Quando finalmente consegui ficar em pé fui no hospital. E porque a médica estava a esquerda e eu dei de cara na parede da direita, imediatamente ela prescreveu: labirintite! (gênia!!!). Em cinco minutos eu tinha um punhado de remédios na mão, nenhum exame e algumas poucas perguntas de praxe.

Obviamente de nada adiantaram os remédios (para enjoo???), vá lá, dinheiro público jogado no lixo. A tontura foi embora por conta própria. Na mesma época eu tinha começado aulas de equitação e me achava péssima. Por mais força que tenho nas pernas eu não conseguia ficar em cima do cavalo. Caí tantas vezes que já estava escolada, até que meu último acidente foi mais sério e me fez desistir das aulas.

Uma busca rápida no Google e eis que labirintite é um sintoma e não a doença em si. Ou seja, continuei sem saber o que tinha desencadeado a crise.

Certo dia nos Estados Unidos, as vésperas de embarcar para a Inglaterra e com todo o drama de conseguir ou não levar a Nina, meu mundo começou a girar de novo. Gradualmente ia tendo episódios de vertigem mas não dava importância (não é nada ou é só stress eram minhas desculpas favoritas), até que num belo domingo me espatifo no chão da cozinha em frente ao digníssimo. Sem choro nem vela, lá fui eu pro hospital.

Dessa vez era quase um episódio de Grey's Anatomies. Passei um dia inteiro fazendo exames e entrando e saindo de máquinas. Diagnóstico: inconclusivo. Bem, descobriram que minha máscara do sinus estava congestionada e que eu sou alérgica a pelos (daí as quedas do cavalo) e a Nina dormia comigo.

Daí... mais remédios e pude viajar relativamente bem (tive uma dor nos tímpanos na hora do pouso que me fez chorar horrores). Mais um ano, agora em Macau, Opa (já contei dele aqui? Meu dog velhinho chinês?) dormindo no quarto e o mundo voltou a girar. Entrei em pânico! Dessa vez, após ter expulsado o Opa do quarto e evitado tudo que é tipo de pelos, eu mesma perguntei pro médico o que poderia ser e em um teste alguém finalmente prescreveu: BPPV (Benign Paroxysmal Positional Vertigo).

No site da Mayo Clinic (recomendada pelo meu médico chinês): Benign paroxysmal positional vertigo (BPPV) is one of the most common causes of vertigo — the sudden sensation that you're spinning or that the inside of your head is spinning. Benign paroxysmal positional vertigo is characterized by brief episodes of mild to intense dizziness. Symptoms of benign paroxysmal positional vertigo are triggered by specific changes in the position of your head, such as tipping your head up or down, and by lying down, turning over or sitting up in bed. You may also feel out of balance when standing or walking. Although benign paroxysmal positional vertigo can be a bothersome problem, it's rarely serious except when it increases the chance of falls. You can receive effective treatment for benign paroxysmal positional vertigo during a doctor's office visit.

Ou em bom português, nos termos do Wikipedia: Vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) é uma condição benigna causada por problemas no ouvido interno. Seus sintomas são episódios repetidos de vertigem posicional, ou seja, uma sensação rotatória causada por mudanças na posição da cabeça. A vertigem e os demais sintomas da VPPB são atribuídos ao deslocamento anormal das partículas de otólitos provenientes da mácula do utrículo, que excitam a ampola de um ou mais canais semicirculares, transformando-os em órgãos sensíveis à gravidade. Esta disfunção ocorre de forma idiopática em muitos pacientes, mas pode ser secundária ao envelhecimento do sistema vestibular, ao traumatismo da orelha interna, a doenças otológicas, à labirintite, à neurite vestibular, à insuficiência circulatória na distribuição da artéria vestibular anterior, ao uso de medicamentos ototóxicos, à hidropisia endolinfática, à migrânea, entre outras causas. A vertigem posicional benigna é uma das formas mais comuns de vertigem e é tratada através de manobras de reposição dos otólitos do ouvido interno.

Daí que as tais partículas podem ser pelinhos do próprio ouvido (eeeeecaaaa) ou poeira que meu corpo não consegue expelir. Eles acumulam, pesam, apertam o labirinto e tcharam! O mundo gira! O médico chinês fez um exercício, repetidas vezes. A cada repetição menos tonta eu me sentia até que por fim não tinha mais nada!!!

O milagre chama-se Manobra de Epley (Epley Manouver) e o video abaixo mostra como deve ser feito. Se procurar por BPPV no próprio Youtube há mais formas de tratar. Assim, só com exercícios, sem remédios nem sofrimento!

Compartilho a experiência esperando que possa ajudar alguém, pois sim, eu sei como são horríveis essas crises de labirintite e como é ruim não saber o que se passa, e pior, seu médico também não ter ideia alguma!


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