domingo, 24 de junho de 2012

O Poder da Flanela


Tem dias em que tudo está uma bagunça. Você está uma bagunça. De forma que todas as coisas rodopiam ao seu redor e você não consegue concatenar suas idéias. E então... como se reorganizar? Como fazer para voltar ao seu centro e reencontrar o seu equilíbrio?

Estava eu aqui zanzando. Passei o dia carregando um enorme baú. Às vezes fica essa tristeza comigo. Essa solidão tão profunda que se houvesse um poço ali seria um bom lugar para contemplar o céu... já que do ponto de vista de quem está lá embaixo, o céu é bem pequeno e pouco estrelado tal qual o dia que se está tendo ou a perspectiva que se consegue visualizar nessa determinada situação.

Assim comecei do topo. Literalmente. Subi na cadeira e tirei tudo o que tinha na primeira prateleira. Basicamente porta-retratos, um rádio velho e sem uso, um castiçal com uma vela branca, um athame e um pequeno caldeirão. Ah, e claro... muito pó.

Depois das prateleiras, arrumar a escrivaninha, a cômoda, aquele movelzinho que fica ao lado do espelho e o guarda-roupas. Por fim, as gavetas sob a cama (um dia eu ainda mando fazer a gaveta que perdi na mudança, na minha triste volta prá casa).

Toda essa arrumação deve ser feita sem pressa. Preferencialmente com uma ótima trilha sonora. sugiro um mix de Ben Harper + Jack Jonhson... tranquilo, triste o suficiente e com uma boa mensagem... musiquinhas que fazem bem à alma.

Também é bom que se dê atenção as tarefas, e assim sendo, é uma ação solitária. Pode parecer uma incoerência... ficar sozinha para se sentir menos só. Mas hoje durante todo o dia eu estive cercada de pessoas. Colegas de trabalho, aqueles que foram procurar ajuda e orientação, vendedores e pessoas que simplesmente erraram a porta. Além, claro, das várias janelinhas de bate-papo pipocantes no meu computador. Só que ninguém preencheu esse vazio.

Lá no fundo eu queria um colo. E eu não estou me referindo a minha mãe, que viria de bom grado se eu pedisse. Também estou avessa aos amigos hoje. Na verdade, eu sei quem eu queria aqui prá me fazer companhia. Só que ele não existe. Ao menos não na minha vida.

Dizem que a sina daqueles nascidos sob a regência do signo de aquário é a solidão. Pois de acordo com o infeliz que escreveu os deveres e obrigações de cada casa do zodíaco, nós temos a liberdade como dádiva, para que possamos criar e levar a espécie humana à evolução. Não sei os demais aquarianos, mas eu odeio essa incumbência. E para meu grande azar, sou tal qual a descrição dada pelos astrólogos.

Quem sabe na próxima encarnação não tenho mais sorte e nasço sob o signo de câncer ou libra... sei lá. Qualquer um que não se isole do resto do mundo já estaria de bom tamanho.

Ou talvez isso não tenha nada a ver com o meu horóscopo. Talvez seja meu destino carregar esse baú as vezes. Mas isso já é filosofia de faxina.

Devagar as coisas vão voltando aos seus devidos lugares. Limpas e organizadas. Assim também os sentimentos que habitam dentro de mim. E com sorte, ao final de toda essa “crise de Maria” eu consiga me encontrar.

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