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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

O Segundo Filho

Cá estou eu, de volta ao setor de obstetrícia da policlínica. Nunca pensei que voltaria a frequentar esses corredores.

Um segundo filho sempre foi uma interrogação para mim. Não consegui me posicionar a respeito. Parte de mim ainda acalentava o sonho de usar aqueles dois vestidinhos que comprei em Macau (quando ainda grávida do Ryan). Outra parte entrava nos sonhos de mulheres próximas, que realmente queriam mais um bebê. Mas foi só quando me descobri grávida de novo que percebi que filho único era o que eu realmente queria.

Não foi suave aceitar esse presente. Sofri, chorei e passei mal como nunca antes. Agora, já no segundo trimestre é que sintomas e pensamentos se acalmaram.

Aqui, cercada de grávidas, pela primeira vez consegui me ver mãe de dois. Na espera por descobrir se serei mãe de mais um menininho ou vem aí uma garotinha, consigo sorrir. Se eu recebi esse presente, devo ser grata e agora concentro força e pensamento para que esse serzim seja perfeito, forte e saudável.

PS: It's a girl!!!

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Deserto

Amanheceu nublado, os quartos estão mais escuros mas ainda há luz. 

 Eu ilusiono uma tempestade se formando no horizonte.  

Abro a janela na esperança de uma brisa fresca, quase fria, mas um bafo quente me abraça... úmido, grudento. 

Fecho a janela, ligo o ar e lembro que aqui não chove, nem refresca.

sábado, 6 de agosto de 2016

Não há lugar como nossa casa

Cheguei a conclusão que não importa muito quantos dias fique por aqui, nunca será tempo o suficiente para matar as saudades que machucam tanto. Dessa vez foram quase dois meses e ainda assim, mal vi as pessoas mais de uma vez.

Foi bom voltar. Foi bom demorar para escrever. Foi bom passar esse tempo mais longo para poder me reconectar com minha terra natal. Foi bom me reencontrar.

Lá fora é fácil “esquecer” de ser brasileira. Olhar tudo sob a ótica européia e até, confesso, com um certo ar de superioridade. De longe é fácil enxergar os defeitos e a ausência cimenta preconceitos que por vezes nem são tão meus (ou nossos, referente a quem mora fora). 

Passar quinze dias por aqui só alimenta esse sentimento, pois afinal, 15 dias são visita, mais um turista em terra brasilis. Mas quase dois meses… daí se volta a ser brasileiro, já que se vive como brasileiro novamente.

Em dois meses fui a bancos, mercados, médicos, restaurantes, comércio em geral… peguei estrada, paguei pedágio, assisti jornal e novela, comi arroz com feijão, conversei muito com estranhos e eu admito que cada dia me enchia de alegria, tal como um bichinho que reencontra seu bando. Aqui, todos me entendem. Não há tradução truncada, não há diferença cultural… todos seguem a mesma lógica ilógica inerente a nós, brasileiros.

Quando lá fora eu costumava dizer que “o problema do Brasil são os brasileiros”. Retiro o que disse e agora me junto ao coro daqueles que defendem nosso povo como maior riqueza. Brasileiros são tududibom. Prestativos, solidários, amigáveis e principalmente, felizes. Há sempre um sorriso sincero (e não aquela coisa forçada que soa como “por mais dois dólares, senhora”).

Viajar com um bebê não é mole, mas aqui eu nem preciso pedir ajuda. É fila preferencial, atendimento prioritário, gente ajudando com malas e brinquedos voadores (atirados pelo Ryan, obviamente), alguém com um bom papo para me ajudar a distraí-lo. Isso não existe lá fora. Pra exemplificar, no aeroporto de Amsterdam eu, que estava carregando o R nos braços pedi ajuda para um funcionário do lugar só pra colocar minha mala grande no carrinho e ele se negou dizendo que estava ali tão somente para empurrar a cadeirante. Eu fiquei pasma (mas xinguei muito)!

Com isso, não digo que somos perfeitos, mas vejo que temos salvação. Desembarcar no Rio trouxe um sentimento duplo, já que ao mesmo tempo que me envergonha aquele aeroporto no estilo rodoviária, com instalações precárias e total desordem (e me dá raiva os banners dizendo quantos milhões foram gastos em coisas que não vi), por outro tinha o calor dos funcionários, que talvez nem vejam o quão ruim é aquilo ali, mas sempre tentam de alguma forma ajudar.

O jeitinho brasileiro, as gambiarras… são sim importantes e úteis, mas talvez, se andassem par a par com uma forma mais holandesa de pensar (direta e reta), conseguiríamos sair do caos que nós mesmos criamos.

Falta sim muita coisa. Atendentes em geral parecem ter memorizado uma forma de tratamento, o que já é um começo… contudo um tiquinho mais de profundidade no que se faz, de realmente conhecer setores, empresas, regras e procedimentos salvariam horas de enrolação. Precisamos aprender a ser mais eficazes e auto-suficientes. Irrita-me essa mania de por babás em todos os lugares (para senha do banco, para formar fila…). 

Eu gostaria de resolver minhas coisas sozinha, como faço aqui fora. Esse excesso de atravessadores só atrapalha (precisei ir no banco cinco vezes pra abrir uma conta e só consegui depois que passei por cima das meninas da senha).

Ao mesmo tempo me pergunto como um brasileiro comum poderia saber disso? De que há outras formas de resolver problemas, de que é possível pensar claramente? Nós não temos a facilidade dos europeus de cruzar fronteiras e conhecer culturas antigas. Estamos cercados por países irmãos na forma de pensar e agir. Não há uma troca produtiva nesse sentido.


O brasileiro conhece o mundo através da tv. E essa tv é péssima. E sim, esse texto termina assim mesmo, aberto para reflexão.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

A Menina Estuprada

Senta que lá vem textão. Certamente foi o que você pensou, pois é exatamente essa frase que tinha em mente quando comecei a digitar. Mas fato é que nós precisamos falar sobre isso. Debater a exaustão, até nos sentirmos fortes, até nos fazermos ouvir.

Não há mulher nesse mundo que não tenha sido constrangida ao menos uma vez na sua vida. Não importa o país, a cultura, a posição social ou nível intelectual. O que me intriga é como? Como isso ainda pode acontecer? Estamos num momento histórico onde há a abertura para diálogo entre nós mulheres (homens são outro departamento e devem ser enfrentados encarados posteriormente, explico melhor abaixo).

Acho que a maioria aqui se indigna com a postura de - principalmente - mulheres questionando se houve ou não o estupro quando há um video mostrando uma menina de 16 anos desacordada sendo exposta e tocada por diversos homens. Oras, isso só não basta para despertar sua ira, nojo e náusea? Será que você não consegue se por no lugar daquela menina e sentir suas entranhas queimar por um ser humano ter sido vilipendiado?


Se não, há algo muito errado com você. Quem pensa que é, ó incolume paladino da pureza, para não se solidarizar?

Vamos voltar um pouquinho no tempo e analisar a sua história: diga-me que você nunca beijou um cara na balada com um hálito horrível só pra não ficar mal com sua "amiga" que estava com o amigo dele? Diga-me se você nunca teve que ouvir comentários repugnantes de colegas e engoliu calada? Aceitou uma carona de alguém que confiava pra ser "cobrada" no final com outras intenções? Nunca se sentiu perdida procurando em personagens o embasamento da sua postura (por isso a mídia é tão importante, como eu repito insistentemente), querendo confirmar ou reafirmar o aquilo que você acha certo?


Todos nós nos sentimos inseguros em dado momento. Isso é normal, já que estamos aqui para evoluir e o processo de crescer é pavimentado em inseguranças, erros e acertos. Também é normal e esperado que pessoas falarão de você, não importa qual seja a sua postura, simplesmente porque a fofoca é algo intrínseco no âmago humano. Isso dito, deve-se estar seguro(a) na filosofia de vida adotada e seguir firme com isso.

Mas como? Segurança só se constrói com muito treinamento (vide as Forças Especiais militares. Você realmente acha que eles já nasceram com o gene dos GI-JOES?). Treino, repetição... e deixa a sociedade falar. Em partes esse é um papel importante para estabelecer limites (ok, todos entendem o conceito de "além da conta"), manter todos num nível tolarável. Em partes é uma forma de se ver livre da sua própria frustração (falar mal da fulaninha que você inveja te traz uma certa alegria, admita). 

Tudo é parte do nosso processo de evolução e cabe a nós sermos melhores a cada dia. Eu tenho um filho (e aqui retomamos o ponto). Ele certamente aprenderá respeito, igualdade, tolerância e compaixão (por todos os seres). Meu irmão já é um desses homens "de nível superior", ainda que minha mãe tenha falhado bastante na igualdade na divisão de tarefas domésticas (tssss, mamis! Só eu com a obrigação de lavar louças e arrumar/limpar a casa? E eu ainda escuto o "mas eu mandei seu irmão fazer mas ele não me obedece"... kd disciplina?).

Onde quero chegar com isso? Você acha que um homem propriamente educado iria receber uma mensagem de texto com "mina dopada, bora passar o trem e arrombá-la" (como me faz mal escrever isso) e pensar, "Opa, demorou? Tô precisando 'comer' uma"???? Aliás, que tipo de animal é esse??? 

Se me permitem, porque eu também sou humana, a esses caras queria que passassem pelo mesmo mostrado no filme "The Girl with the Dragon Tattoo". Juro pelo que me é de mais sagrado que é esse mesmo o meu desejo. Vingança não é um sentimento nobre? Ah, eu sei... tampouco o que a originou.

Eu vejo meu filho e a nossa rotina. Eu sou tudo para ele. Quem provê comida, amor, com quem ele dorme e acorda, a destinarária dos seus sorrisos e gracinhas e por quem ele procura quando quer aconchego ou abrigo. Imagino que todos os bebês sejam assim. Em que ponto da vida isso muda para o cara que recebe a mensagem de "hoje é dia de estupro coletivo"?

Sei que meu bebê irá crescer, se rebelar, testar minha autoridade, fazer burrada, procurar seu espaço nesse mundo pelo velho binomio tentativa-e-erro. Mas perder o respeito? Creio que não. Eu fui uma adolescente rebelde. Dei um trabalho danado, questionava tudo e batia cabeça como ninguém. Errei muito e aprendi com cada erro. Contudo, nunca perdi o respeito pela minha mãe. Nunca desejei ferir alguém como aquela menina foi machucada (não estou me contradizendo... ação gera reação. Eu nunca quis iniciar mal, mas uma vez ele cometido, ainda tenho ganas de vingança. Não disse que sou perfeita).

Está em nossas mãos, como sempre, a mudança. Para tudo. Ao que me parece a revolução é geral, em todos os aspectos. E se os bons não se levantarem para ajudar nessa mudança, que não esperem que os maus aprendam por conta.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Querida Futura Mamãe

Benvinda a esse insano mundo novo. É importante que você esteja ciente que tudo aquilo que você pensa que sabe sobre maternidade e bebês é relativo e pode não se adequar a sua nova realidade (tantas teorias vãs internet afora). Você é única e exclusiva, e eu provavelmente não te conheço, portanto seria mais justo comigo que eu me referisse apenas ao que vivi.

E eu tenho experiência! Sim, um ano inteiro aprendendo a lidar com esse pequeno ser humano em desenvolvimento que se rebela em alto volume ao meu lado nesse exato momento (nunca julgue outras mães ou pense que "seu filho não será assim" sob pena de pagar a língua), demandando atenção integral.

Essa é apenas uma das inúmeras mudanças na sua vida. Não importa quem você seja, quanta ajuda tenha (espero que para sua própria sanidade e bem estar essa ajuda seja grande), você é, no rol do dia, o único consolo desse pequeno ser que você carrega. Esqueça o pai... honestamente, eles pouco podem fazer nesse momento. Alguns até tentam, mas a verdade é que eles mais atrapalham do que ajudam. O mesmo para o resto da família. Por mais que avós, tias e irmãs tenham conhecimento de causa, a ligação entre você e seu filho é uma exclusividade sua. Confie em você. Parece-me que há um download do manual de mãe durante o parto, pois de repente, você passa a saber o que é melhor para sua cria (e se parar para pensar, é meio lógico isso... vocês passaram meses em sintonia exclusiva).

Isso não significa que será fácil. Pelo contrário. Seja pela enxurrada de hormônios que seu corpo recebeu, seja pelo extremo cansaço oriundo da própria gestação e somado as horas de sono que lhe faltam, você vai entrar numa espiral de medo, desespero, raiva e amor absoluto. Tudo paradoxal e simultâneo. As pessoas ao seu redor irão sofrer pelo seu temperamento, portanto não custa lhes passar um material de leitura para os preparar para tempestade que se aproxima.


Meus dias passam e a única coisa que faço nessa atual vida é correr atrás do bebê (agora, quase literalmente). Não tenho tempo para cuidados pessoais, redes sociais, esse blog abandonado ou vida além das paredes da minha casa. Confesso que tenho silenciosos ataques de raiva e inveja do meu marido quando ele sai para trabalhar me deixando só com o pequeno chupa-sangue.

Queria eu poder sair para trabalhar e passar algumas horinhas focada em outra coisa que não fraldas e papinhas, ou distrações que o entretenham por mais de 5 minutos. Não se sinta culpada por retomar sua carreira. Feche-se dentro de você e veja o que você realmente deseja. Da mesma forma, não se sinta culpada por decidir ficar em casa. Por mais que me sinta uma vaca leiteira em tempo integral, a verdade é que acho esses momentos com meu pequeno algo tão preciso que não abriria mão. Contudo, isso não me impede de reclamar e desejar ao menos umas horinhas do dia para mim, para poder ir a academia, tomar um banho em paz ou até mesmo cozinhar sem o iminente risco de maõzinhas tocarem o fogão.


Perdoe-se. Permita-se. Não se cobre tanto. Não tente se encaixar em moldes prê-existentes. Tudo tem seu tempo e a natureza é sabia. Na hora certa, as coisas acontecerão. A que me refiro? Ao que estiver "encaramiolando" sua cabeça no momento. Eu, por muito tempo, não consegui me ver ou sentir esse amor profundo de ser mãe. Eu me via como fornecedora de leite ou escrava branca mesmo, mas nada daquela nuvem rosa purpurinada descrita e repetidas incansavelmente por mães nos blogs ou forums (detesto mães afetadas que insistem em usar a lingua dos bebês pra se expressar. Coisa mais irritante!). 

Sentia-me um monstro. Como era possivel eu ser tão desconectada? Eu deveria amar loucamente essa coisinha pendurada no meu peito, mas o sentimento que me dominava era o prático, a segurança da rotina. Pensava: mamar, trocar fraldas, dormir, checar temperatura, mamar, cortar unhas, lavar roupinhas, banho, soneca, mamar, uma ou outra leitura pediátrica... até que um dia ele me olhou e sorriu e foi como se o sol tivesse atingido meu peito. Tanto amor e tanta luz, assim, de sopetão, que acabei me debulhando em lágrimas e a partir daí me enamorei e tudo ficou mais leve.

Deixei de pensar no amanhã (sou grata por esse privilégio). Vivo cada hora dos nossos dias. Estou atenta a cada nova conquista (ele está quase andando sozinho). Ou seja, a nuvem cor-de-rosa-com-glitter vai chegar, cedo ou tarde. Relaxe. Respire. Sorria. Evitar estrangular alguém.

O que eu quero dizer com esse textão é, não importa qual tipo de mãe você vai ser, o que importa é que você será mãe. Portanto, já há tantas cobranças mundo a fora, tente não acrescentar mais peso a sua vida. Tudo vai dar certo, e quando estiver difícil, está tudo bem chorar. Mas depois da crise respire fundo (eu insisto nisso), reconecte-se e siga em frente. Se precisar, ligue pra sua mãe ou para "sua pessoa" (Grey's Anatomy feelings).

Aliás, um adendo. Quando eu disse para confiar em si mesma e não se deixar influenciar por opiniões alheias eu não quis dizer isole-se do mundo e faça tudo sozinha. Pelo contrário. Quisera eu poder contar com alguém que me rendesse um pouquinho os cuidados com o Ryan. Eu moro longe da minha família e sonho em ter minha mãe por perto para que possa fazer algumas coisas. Não tenho esse privilégio de contar com alguém, Não estou pronta para colocar o baby na escolinha nem tampouco confio em uma estranha para cuidar dele. Essa é a minha realidade. Se você conta com ajuda, use-a.

terça-feira, 29 de março de 2016

Timing

Minha cabeça contém diversas ideias e todas elas se esvanecem quase que instantaneamente. Deve ser assim com todo mundo então por que não inventaram ainda um jeito de reter pensamentos (ou sonhos... os meus dariam cada filme incrível)? 

Com isso quero meio que justificar a falta de posts. Penso muito neles. Os redijo mentalmente, mas daí que isso acontece quando estou longe do computador, logo, adiós belo texto. Por exemplo, queria muito dizer: "mas que coisa mais irritante esse Bernardo do passado com sotaque de surfista carioca", ou: "Aeeee, Raul! Capoeira neles!!!" ou ainda: "será que a única fala do Raul é 'saudades Chico' (ou suas variantes), mesmo que ele tenha visto o menino horas antes???" ou mais recentemente "Raul não sabe ser um homem dos tempos modernos, tá sofrível a atuação" e por fim "que felicidade é essa que dança no meu peito ao passar pro tempo atual. Como é bom ver a moda, se identificar com as coisas"... mas como comentar a novela se quando eu comecei a assisti-la ela já havia acabado... de qualquer jeito tô amando Além do Tempo, a única novela que consegui assistir nos últimos anos. 

A verdade é que meus textos dependem da minha insônia, primordialmente. E ultimamente tenho conseguido dormir. Noites capengas, bem verdade, mas quando o cansaço bate esse nível que me encontro, acho que dormiria até de pé dentro do metrô. 

Expandindo para outros níveis, já perdi o passo tantas vezes. E percebo que com o tempo isso tem se tornado mais frequente. Será que a falta de prática suprime o hábito? Be a shark, bite the opportunities... realidade cada vez mais distante. 

Não sou mais essa pessoa. Não tenho mais metas mediatas e imediatas, longas listas de compras e objetivos, estratégias de curto, médio e longo prazo, timelines definidas. Toda a ambição e arrojo ficaram pra trás. Hoje o dia a dia é outro. E se por algum tempo essa troca me incomodou, categoricamente afirmo que essa é a fase mais feliz da minha vida. Não cheia de alegria ou bêbada excitação juvenil, bem verdade, mas com tanto desse amor que preenche cada buraquinho que me basta. Nunca pensei nesse cenário como provável futuro, mas cá estou, flanando entre essas ondas de puro sentimento e amor. E tem tanto amor...

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Impotência

Você assiste a vídeos de menores sendo abusados de alguma forma e instantaneamente reage com “se fosse com meu filho eu matava”. Eu mesma disse isso num grupo do whatsapp dias atrás. 

Mas aí você é confrontado com a realidade e percebe que sua reação não é tão rápida tampouco tão agressiva quando você acreditava/esperava/contava. Infelizmente você não é esse ninja que pensa ser (o que me leva a entender e suportar a vingança).

Ontem estávamos num tram em Dubai. Bebê fazia suas gracinhas e pessoas ao redor interagiam com ele. Ok. Bebê é fofo, não posso culpá-los. Havia esse “cara” sentado um pouco atrás (nós estávamos em pé, na junção dos vagões) que começou a tirar fotos. Aquilo me incomodou… no flash  eu queria dizer, mas me calei. O por que de eu ter ficado quieta me queima as entranhas até agora… too polite. E por que? O “cara” estava sendo rude ao tirar fotos sem autorização então nada mais justo que eu pedir para cortar o flash que poderia prejudicar a visão do meu filho (li isso na internet).

Calei-me… e o que veio a seguir me deixou com tanta raiva de mim mesma que tenho vontade de me estapear (faço isso mentalmente, ininterruptamente, numa tentativa vã de amenizar essa raiva de mim). Pouco antes de saltar do tram o tal sujeito tascou um beijo no meu bebê. Sei lá se isso é comum na cultura dele mas na minha não é. Nem eu beijo meu filho no rosto por medo de  lhe passar doenças, imagina esse completo estranho (e na minha memória alterada imundo, desdentado, repugnante)??? Meu NAO veio atrasado. Não consegui evitar e ainda fiquei toda envergonhada para reagir.

Passado o choque consegui pegar aqueles lencinhos de limpar o rosto, usei uns cinco (até dentro da boca, o que não é recomendável, mas meu nojo era tanto), depois outro anti-bactericida, agua e sabão… mas de que adianta? Não serve para evitar o contagio do que quer que seja nem para amenizar essa culpa que me invade.

Impotente, inútil… que tipo de mãe sou eu? Você já tentou chegar perto de filhotes de qualquer raça ou espécie? A mãe imediatamente se põe na defensiva… e eu, por essa educação idiota, desnecessária e absolutamente … não consigo achar palavras… me mantive quieta, ali, de pé, como uma paspalhona retardada. Claro senhor, pode molestar meu filho no transporte público que está tudo bem.

Estou mal. Não dormi dando google em páginas médicas que me deram uma lista gigantesca de doenças que podem ser transmitidas pelo beijo. Inútil… parva.… idiota. Como se chorar adiantasse alguma coisa. Como se agora você pudesse fazer alguma coisa. Cadê aquela mania de higiene ridícula agora?

Que tipo de gente beija um bebê desconhecido? Assim, sem aviso, sem permissão??? Que mundo é esse? Agora sou obrigada a mudar meu jeito de ser, me ajustar a esse novo e perdido mundo para o qual trouxe esse anjinho tão doce e inocente.

Para Nina, com amor

Cá estamos novamente na estrada. Dubai para o fim de semana. Cá estou eu novamente com meu coração em frangalhos. Meu amorzinho está em casa, sozinha, e ficará assim até nosso retorno.

Eu prometo acordar mais cedo, lhe dar mais atenção, mas a verdade é que o bebê demanda tanto tempo de mim. Eu tenho plena consciência que só lhe dou migalhas. Quase nada daquilo que você estava acostumada (e eu jurei que você não seria a Sofia… olha a gente agora).

Sempre viajamos muito mas você sempre esteve junto. Só que aqui é tão complicado. E não é só isso, faço um mea culpa. Eu prometi mais… você merece mais, contudo deixa a cama passivamente, para se alojar num cantinho, fora do caminho, sem atrapalhar, já que não posso carinha-la e pegar o bebe em seguida (sinto sua mágoa cada vez que lavo as mãos).

Meu Deus, você não é assim! Não nessa submissão toda. Minha forte e valente companheira. Mas o que mais me corta o coração é quando voce me traz seus briquedinhos na esperança de uma atenção.

Desculpa, desculpa, desculpa…. eu te amo. Eu repito e te digo isso todos os dias, mas palavras nao te farao companhia na casa vazia.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Oh Happy Day...

Um dia bom já começa com noites insones ninadas por um bebê que recentemente descobriu a potência de seus pulmões e o poder altamente convincente de um choro em alto volume. Passa por um café da manhã onde você se pega segurando um balde de café suspenso na sua frente por trinta minutos sem se dar conta.

Segue com uma doída picada de formiga em lugar inapropriado e continua com o aparelhinho de depilar engolindo a carninha fofa daquela parte um pouco acima de trás do joelho.

Após o almoço sua casa é invadida por crianças e você não pode ir ao socorro de sua amada Nina (que lhe suplica colo e refúgio) porque está atrasada para a avaliação na academia (que vem a lhe apresentar cada mínimo músculo que até então você desconhecia).

Contudo, antes de sofrer nas mãos do sádico que se nomeia instrutor, cabe ainda bater no carro do vizinho enquanto dava ré pra sair de casa, mesmo com o apito histérico do carro avisando do obstaculo atrás. É que a esse ponto o bip-bip-biiiiiip se uniu ao zunido constante na sua cabeça numa louca sinfonia que não se escuta mais nada além desse pulsar atrás das orelhas.

Quando falavam que noites insones na compania de um irritadiço serzinho levavam a loucura, eu ri. Só que agora estou feliz por não ter um microondas,

segunda-feira, 4 de maio de 2015

A História de Opa



Quando fui na Anima, o abrigo de animais de Macau, me voluntariar, a ideia era cuidar de vários cães e gatos, fazendo as caminhadas e ajudando no que pudesse. Um amigo uma vez me disse: “se você tem tanto amor ai dentro, porque não dividir com o mundo”. Sentia uma falta terrível da Nina, então porque não distribuir esse amor? Mas assim, na primeira visita, quando me mostraram todos os canis vi você.

Tão frágil e sozinho em meio a tantos outros cachorros, você foi o único a ficar dentro do canil quando o tratador abriu a porta. talvez por medo (ah, que brutos esses outros), talvez por estar em seu próprio mundo (tão você), ficou ali, encarando a parede e tremendo. E desse jeito entrou direto na minha mente e coração.

Por dias pensei em você. Um macho, velhinho já… quem vai querer? Já tinha sofrido tanto! Abandonado nas ruas cego e surdo, com um câncer gigante e infecção por todos os lados. A Anima operou o que dava, mas ainda assim, ali estava você, definhando lentamente.

Com a opção de ser sua guardiã, o levei para casa. Kirstie estava lá. Duas loiras e um schnauzer na moto. Você não reclamou, pelo contrário, ficou quietinho curtindo o vento.

Três meses eram o que todos falavam. Três meses no máximo e esse cachorro deixa esse mundo. Contra tudo e contra todos começamos, no dia da sua vinda para casa, nossa via sacra por veterinários e pet shops. Um bom banho era essencial!

Assim começamos nossa historia. Tão magro e tão frágil que só eu tinha coragem de tocar. Aos poucos você foi se recuperando. Muito amor, caminhadas e brócolis cozidos ao vapor e seu pelo voltou, mas aquela diarreia horrível não tinha cura.

Um ano se passou e ainda assim eu não o tinha ganho. Você confiava em mim, mas não me amava. Seu coração ainda pertencia a maldita chinesa de cabelos compridos que te abandonou.

Eu tentei achar uma família para você, nós dois sabíamos que éramos temporários, mas nenhuma parecia boa o suficiente. Até que com um ultimato, meu tempo em Macau começou a se esgotar. Foi então que decidi adota-lo. Ninguém cuidaria de você como eu e eu estava determinada a dar-lhe o melhor fim de vida possível.

Lá fomos nós, clandestinos no ônibus (tantas vezes). E na moto outras tantas. Você NUNCA reclamou (mesmo quando eu te colocava naquela sacola de pano). Quando assinei os papéis da adoção, voce mudou. Parecia que sabia que era da família (oficialmente). Primeiro passo para ganhar seu coração.

Veio a mudança e você foi ficando triste, (ainda) mais reservado, fechado em seu mundo (será que era isso que tinha acontecido antes?). O xixi regrediu e agora sua cama era a minha mala de bordo que estava aberta no chão do quarto. Mudamos para Kirstie e você voltou a se animar um pouquinho. Comportamento impecável, como de costume.

Mal sabia a luta que eu travava para conseguir trazê-lo conosco. Não queria colocá-lo no navio cargueiro. Tinha tanto (mas tanto) medo que você não aguentasse a jornada. Comprei uma bolsa chique para seus passeios no ônibus (agora, muito mais confortáveis, mas ainda assim ilegais), preparei toda a documentação, mas seguia firme na ideia de traze-lo escondido no ferry boat entre Macau e Hong Kong. Uma horinha só, será que alguém iria notar?

Fortemente desaconselhada o jeito foi mandá-lo de cargueiro mesmo. As dez da noite estávamos lá. E você foi rumo a Hong Kong, na cabine de um navio gigantesco (que exagero pra um cachorrinho tão pequeno!). Voltei pra casa arrasada. Mal dormi e peguei o primeiro ferry da manhã para encontrá-lo. Tinha tudo coordenado: chegada em Sheng Wan (terminal marítimo), taxi para o porto, de lá motorista contratado para nos levar para o aeroporto, reserva no canil do aeroporto, reserva na Qatar Airways (a única que transportava animais). Marido me deixou ainda mais nervosa e os primeiros meses de gravidez não ajudaram muito na travessia.

Mas deu tudo certo. No porto, com todos aqueles caminhões e containers por todos os lados, eu me sentia pequena tentando encontrar o escritório da transportadora. Descolei uma carona de trator com um senhor que trabalhava rearranjando aquelas caixas enormes. Minha esperança era encontra-lo antes do veterinário do governo, e assim passear um pouquinho com voce (imagino a vontade de ir no banheiro depois de 10 horas de viagem).

Não consegui, o escritório me enrolou (ah, que falta não falar chinês) e quando achei você, sozinho naquele espaço metálico de 40 ft, limpinho e feliz já estava escoltada pelo veterinário. Claro que ele não o deixou sair, mas impressionantemente sua casinha estava limpa (eu tinha vindo preparada com toalha e shampoo mais uma almofada limpa). Motorista chegou e rumamos para o aeroporto.

Quando te deixei lá no hotel do aeroporto, que parecia tanto com o seu antigo abrigo, senti sua mágoa. Voce nem quis se despedir de mim. Voltei para Macau arrasada.

Fecha a bagagem, corre para o ferry a noite, chega em Hong Kong, metro para o aeroporto, muito stress depois, fui te buscar no hotel para embarcar rumo a Mascate. Novamente escoltados (o lacre era inviolável) até que te despacharam. Mais dez horas de voo com uma conexão em Doha o esperavam. Você ainda estava magoado comigo, mas fez festinha pro Roy e pra K.

Em Doha eu estava no último de nervoso. Você estava bem? Era a coisa certa colocá-lo nessa jornada? Mas daí, subindo na escadinha do avião pra última parte da viagem eu o vi, sorrindo e feliz ao ser levado para dentro do avião. Sorrindo e feliz!!! Nunca vou esquecer aquela carinha… língua pra fora, respiração ritmada, a maior aventura da sua vida.

No aeroporto em Mascate, finalmente festinha pra mim! Nem o calor desértico, nem a falta de uma faca pra abrir sua caixinha, nada lhe tirava o sorriso. Foi aí que você mudou e me aceitou como sua família. Sim, tínhamos cumprido a jornada e agora você tinha certeza que não seria abandonado de novo.

Que alegria vê-lo correndo na praia. Quem diria que voce ainda teria tanta energia pra pular e nadar no mar. Todas as manhas caminhávamos pela praia, voce fazendo companhia aos meus exercícios de gravidez e pacientemente esperando toda aquela barriga entrar em movimento.

Quase dois anos juntos. Voce recebeu a Nina sem qualquer restrição ou ciúme. Tornaram-se companheiros. Coisa mais fofa vocês juntos.

Naquele dia eu estava tão feliz. Finalmente meu trabalho de parto havia começado. De tarde eu insisti para dar banho em vocês. Eu sei, outra pessoa poderia te-lo feito, mas EU queria dar banho. E entre contrações mal sabia que aquele seria o ultimo banho.

A noite caiu e uma estranha sensação tomou conta da hora. Algo estava muito errado. Não demorou eu dei sua falta, virei a casa, ate que vi o portão aberto. Voce tinha fugido. Contrações a cada seis minutos e aumentando a intensidade. 

Saí pelas ruas a sua busca, onde voce tinha se metido? E que ideia, justo agora, de explorar a vizinhança sozinho. Uma hora, duas… nada de você. Até que a Nina entrou na busca e lógico, te achou. Mas ninguém me contou. 

Eu tinha ido estender suas roupinhas no varal e a Nina, de novo, me mostrou onde voce estava. Eles tinham te escondido no deposito, dentro de um caixinha. Oh meu amor, por que?

Eu, que por tantas vezes pensei que voce não sobreviveria e tinha me preparado para isso no passado não pensei que justo agora, com o bebe a caminho e voce tao bem… estava errado!

Mas esse era voce. Em seu próprio mundo, do seu jeito discreto. Voce se foi quando eu estava distraída e nem me permitiu chorar sua partida pois depois daquele momento tudo que me abraçou foi a dor. A sua falta e as complicações do parto.

Eu sei que fizeram um lindo funeral para voce na minha ausência (tantos dias de hospital, não dava para esperar mais). Eu sei onde jaz seu corpo físico. Mas o que eu queria que voce soubesse é que ainda que não tenha tido coragem de ir lá visitá-lo, eu carrego voce no meu coração.

Espero ter cumprido minha promessa companheirinho. Espero que os últimos meses de sua vida tenham compensado todo o resto. Eu te amei muito.

Saudades sempre… 

terça-feira, 10 de março de 2015

Gravidez

Sim, estou grávida (ainda que minha ficha não tenha exatamente caído) e por isso deu-se início a uma nova fase em minha vida e para a qual eu absolutamente não estava preparada.

Assume-se que por ser mulher, descolada e moderninha, eu saberia tudo o que fosse necessário para passar por essa fase (?) instintivamente. Errr... nop! Descobri que meus conhecimentos acerca do assunto eram tão parcos e cheios de coisas sem sentido que fiquei mal.

Isso, contudo, não me fez debruçar nos livros, mas me jogou para minha zona de salvação e oráculo favorito, a internet. Essa bandida, território de ninguém, que também ajuda a disseminar o terror, e foi responsável por muito dos medos que tenho enfrentado nesse fim de gestação.

Na prática, aprendi bastante coisa. Ainda que tenha tido uma gravidez tranquila (até então ao menos), alguns conselhos podem ser de grande valia pra quem está iniciando a jornada agora. 

- Misturar comidas vai lhe fazer enjoar, bem como comer doce demais. Aliás, comer demais fará mal de maneira geral. O certo são pequenas porções em intervalos menores.

- Todo mulher tem plena consciência de que deve evitar uma dieta muito trash, mas ainda assim é irresistível atacar a lata de leite condensado (inteira) e por a culpa na gravidez. Sinceramente, isso me dava um prazer tão grande que até acho que valeu os quilos a mais. O duro é evitar que esses deslizes virem regra.

- Na contramão do dito acima, evite ganhar muito peso a qualquer custo. Isso porque no final da gestação sua barriga (e seu corpo todo de uma forma geral) estará tão grande que a impressão que tenho é que uma grama a mais e eu literalmente explodo. Isso acarreta em desconforto, atrapalha o sono, deixa a respiração curta e traz dores. 

- Roupa de gestante não são uma futilidade. Elas se adequam ao seu novo corpo. Minhas roupas normais deixaram de servir lá no quarto mês. No começo dá até pra adaptar, mas com o andar da carruagem convém investir (não muito, fuja das lojas especializadas! Elas enfiam a faca no preço. Vá para as populares!) em um jeans, uma boa legging (que não aperte a barriga) e uma (ou duas) calças molengas. As camisetas eu "espichei" até o último trimestre, quando comprei um trio de básicas na H&M. Vale muito pegar coisas emprestadas (valeu mamãe)! Afinal, é por um curto período de tempo.

- Aliás, se querem mesmo saber, roupa de gestante eu comprei: uma calça jeans, uma calça de linho branca e as três camisetinhas, além de três sutias para amamentação e um para maternidade (senhora bênção!). Já roupa normal em tamanho maior comprei três vestidos e uma camisola. No mais tenho usado as minhas coisas (largas) e umas peças que mamis emprestou. Fuja das alcinhas, principalmente no fim da coisa. Com esse braço de biscoiteira e carninhas pulando para todo o lado elas acabam com qualquer auto-estima!

- Ainda no tema roupas, vestidos soltinhos são uma benção! E podem ser reaproveitados. Roupas íntimas... precisei comprar duas vezes. Uma no 2o trimestre e agora no 3o trimestre (ninguém me falou que isso seria necessário!). Esqueça as calcinhas sexies (você vai querer queimá-las!) e invista em algodão (conforto, uma necessidade). De novo, dessas baratinhas, afinal o objetivo é voltar ao corpinho de antes, certo?

- Pijamas! Seus melhores amigos junto com o travesseirão (um monte de travesseiros também cumprem o papel).

-  Faça exercícios. Ajuda na sanidade mental além de te preparar para o que está por vir. Nesse sentido, só fui me sentir acolhida e mais "mãe" quando entrei para yoga pré-natal. Estar com outras grávidas desperta esse sentimento, seja pela camaradagem ou pela semelhança física.

- Não acredite em tudo que a internet diz, muita coisa ali é publieditorial disfarçado de depoimento. Pesquise, pesquise, pesquise. Leia reviews, notas e compare opiniões antes de comprar. Coisas de bebê são caras demais pra não se importar com erros.

- Tudo que for voltado para "mamãe e bebê" automaticamente será super inflacionado. Um bom exemplo são os móveis para o quartinho. Além da qualidade ser altamente questionável (e o design horroroso), se você buscar em outra sessão a mesma peça consegue economizar um bom dinheiro (basta customizar ou adaptar. Eu queria móveis antigos, mas aqui onde estou isso não existe).

- Faça seu book maternidade entre o 5o e o 6o mês. É quando você estará mais bonita! Depois disso você vira um balão e antes não tem muita graça.

- Dê-se pequenos tratos. Manicure, pedicure, uma ida ao cabeleireiro, MASSAGEM.... diria uma boa depilação para voltar a se sentir gente, mas isso é tão dolorido que não posso recomendar... eu tentei e desisti no meio do processo. Sad but true.

- Faça listas e estabeleça uma timeline. Atenha-se a ela e não entre em pânico!

- Resista ao impulso de sair comprando roupinhas fofas. Dizem que elas são perdidas rápido e a verdade é que você acaba ganhando tanta coisa.

No mais, eu ainda estou descobrindo coisas. A primeira visita a uma loja de bebês foi intimidadora. Todos aqueles itens e eu (nem marido) sem saber o que realmente precisávamos e o que era superfluo. Demoramos para comprar nossas coisinhas, mas agora acho que cobrimos quase tudo. Falta apenas o sling porque não conseguimos achar aquele que eu quero (um que vi e testei numa loja de Hong Kong, lá no início da gravidez). Ah, e claro, decorar o quarto!

Ainda não

Eu não me reconheço. E isso nada tem a ver com os mais de 15 kg extras que tenho desfilado por aí. Eu não me reconheço em minhas atitudes, em meus sentimentos (ou na ausência deles). Posso trazer a baila as mais diversas desculpas, mas a verdade é que não sei o que se passa.

Quando mais nova costumava estufar a barriga em frente ao espelho, simulando sua presença ali dentro. Por vezes até colocava uma almofada sob a roupa, para dar um toque mais realista, tentando visualizar como eu pareceria num estágio mais avançado.

Agora, na reta final sei que aquela imagem eu deveria acrescentar perna, braços, quadril e um rosto cheio. Mesmo sendo menino (e eu no auge do meu egoísmo queria que fosse menino pois diziam que menina "engordava" mais) estou cá um balão. Não que isso seja relevante, pois eu sei que posso reverter esse quadro, mas é o que passa pela minha cabeça no momento. Quanta idiotice.

Bem verdade que também me apavora - muito - o momento em que você chegará nesse mundo. Para isso você terá que nascer e o parto é simplesmente algo assustador demais para que eu consiga imaginar e não ajuda muito estar num lugar completamente estranho, em pleno Oriente Médio (ah, o preconceito nubla a visão e a razão de tal forma que chega a ser ridículo).

As noites insones, tal como essa agora, as dores e esses estranhos movimentos que você faz que me deixam a considerar a viabilidade de fraldas adultas para incontinência urinária, o humor flutuante (se bem que esse eu sempre tive) e a total falta de conexão me poem a questionar se eu de fato fui talhada para isso.

Sempre pensei que estaria radiante. Acreditava piamente que meu mundo giraria em torno de você, afinal, eu sempre gostei de crianças, em particular bebês.

Mas não. Ao fazer o teste de farmácia o sentimento que me invadiu ao visualizar os pontinhos azuis foi pânico. Chorei copiosamente, doído, intercalando falta de ar e curta respiração. Nos meses que se seguiram mergulhei nos detalhes da mudança (sai Macau, entra Mascate), em me adaptar ao novo lugar (rateando muito, bem verdade, me agarrando a pequenas coisas). Arrumei a cozinha, sala, quartos... mas o seu quarto ainda está vazio, com os móveis colocados de qualquer jeito, esperando os detalhes e alguma cor.

Uma coisa é a teoria. Ai que lindo ter um filho! Outra a realidade: Deus, uma criança nesse mundo perdido? Ouvi o tique-taque do relógio, pesei idade e lugar (não imagino melhor lugar do mundo para se ter um filho do que Oman - ou ao menos me convenci disso. Seguro e totalmente voltado para a família, é como se o país girasse em torno da reprodução de seus habitantes).

Estou aqui agora, no seu quarto, pela primeira vez sentada na poltrona que comprei para amamentá-lo. Acho que não tinha passado tanto tempo aqui antes. Entrava, deixava as coisas e saía. Vou precisar de uma almofada para dar suporte as costas.

Poderia por a culpa no fato de ter sido tolhida em muito dos meus devaneios. Tudo era fútil e inútil, boring ou cinza, mas ainda sim, no último mês, foram comprados. Sempre assim, primeiro a guerra, daí o tempo e então a compra como uma novidade super necessária. E eu que tenho a memória fraca.

Estou esperando a comoda e minha mãe. Com a chegada de ambas (quase no mesmo dia), vou poder arrumar as roupinhas (as poucas que consegui comprar e as muitas que vieram de lá), fazer a mala da maternidade, deixar tudo encaminhado.

Engraçado. Estou esperando minha mãe para começar a me sentir mãe. Quero minha família aqui para te receber e oficializar essa nova família. Faz sentido isso? Quero os meus para me sentir igual.

Desculpa filho. Mamãe te ama, só está um pouco perdida.

sábado, 12 de julho de 2014

Inveja

I heard this from you so many times that I lost the count: "you are jealous"... You are jealous because my work allows me to go everywhere in the world. Because I have a better payment, actually, because I have a job. You are jealous because I can go out every night, hang out with my friends, get drunk and have fun. You are jealous because you are not so sharp as I am, to be honest, as sharp as you usually be. You are jealous...

And I think with myself how painful is hear this and how hard it is to explain how wrong you are and which are my truly reasons. My horrible English create that barrier that you just can't understand what I mean...

Well sweetheart... I had a life that I happily abandon to follow you. I had a promise that wasn't fulfilled. I open hand of my entire life to live in USA. After a year, full of excuses that for me only sound as muttering for my ears... Ok, you wasn't happy, the future scenario was dark as the ghost stories, we move to Asia.

I struggle to adapt, to create a routine. I only moved once in my entire life, and that was one year before come here. But I'm probably jealous of your ability to find new places, of your detachment.

End up that I finely find my way here. Create a life for me and ends up that here is not good enough for you. So (sooooooo) many bad things to said about such a small country. So here we are, on the road again, close to reach the end of the world, where, literally, civilization still miles away.

And I will need to fight for the rights that I had all my life. I am the one who will need to find my way. I am the one carrying the heavy bag so than you can enjoy your dream job.

I'm jealous of your poker night when you had so much fun with your friends until the point that you end up in a chinese karaoke bar. Yes... k-a-r-a-o-k-e-b-a-r... And with me, all the music in all the dance clubs are too bad (not for me, I can dance alone, right?), better stay with your friends in the bar...

And when in the next day (if) we go out you are as happy as today? None that I can remember... but I have a golden fish memory that only hold the bad moments.

Do we ever went out alone and actually had fun? Can't remember to be just a couple, there is always so many people around...

I'm not jealous. I'm bitter.

domingo, 22 de junho de 2014

O chinês e a capa de chuva

Saí domingo, sabia que ia chover mas não queria carregar minha sombrinha gigante prá lá e prá cá (vai que não chove), por isso peguei minha capinha de chuva recém encontrada (tantas lembranças), dessas que a gente usa pra ir nas Cataratas, a transparente, sabe?

Meio da missão, tcharam! Cai o mundo e eu faceira ponho minha capa. Convenhamos que ficar seca do joelho pra baixo era impossível mesmo com um guarda sol, mas pensei que minha bota a prova d'agua fosse segurar a parada (puééen).  No mais estava bem feliz com o resultado até prestar atenção ao me redor.

Sério... Chineses me olhavam como se eu fosse de Marte (alou? Quem é que vai de pijamas no mercado???). Não entendi mas nos dez blocos entre onde eu estava e o ponto de onibus eles chegavam a esquecer da chuva pra me olhar.

No ônibus emagreci uns dois quilos... Vai entender...

sábado, 21 de junho de 2014

Asas

Dia desses, folheando meu diário (aquele caderno que guarda os segredos pesados demais para serem postados aqui) achei essa poesia. Escrevi há tempos, mas certas coisas nunca mudam.

Certo dia ganhei asas e aprendi a voar,
Fui cada vez mais alto, cada vez mais longe
Até que um dia, enquanto planava pelo infinito
Arrancaram minhas asas e eu caí.
Machucou tanto!
Mas o que dói mais é não poder voltar a voar.

Falta um pouco de coesão, eu sei... mas achei bonitinho!

Miss Independência?

Eu nao sei ser independente. Se eu amo, simplesmente nao entendo o conceito de individual pois acredito piamente que a união nos torna um.

Cuido, velo, sufoco, eu sei. E espero o mesmo. Estou errada? Deveria seguir minha vida como se meramente tivesse um colega de quarto?


Quando foi que virei esse monstro, que sofre sozinha e sente tanta pena de si mesma? Onde foi parar meu orgulho, meu brio?


Onde foi que me perdi?


O mais triste é que ultimamente até o cachorro tem fugido de mim.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O Mundo Segundo os Brasileiros

O dia começou promissor, ônibus no ponto no horário esperado, pronta resposta da equipe na Macau Tower, mas ainda assim o nervosismo me acompanhou por todo o trajeto até o hotel onde me reuniria com a equipe de gravação.

Não sei explicar se as borboletas que se agitavam no meu estômago tinham origem no fato de passar o dia gravando um dos meus programas de TV favoritos ou se derivava da minha iminente queda do maior bungy jump do mundo. Ok, esse não era o meu primeiro salto, mas comparar 40 metros de altura quando se tem o espírito rebelde e no auge da sua adolescência aos 233 metros de queda livre que me aguardavam é até ridículo. Despedi-me do meu marido com mil I love you, e me entreguei a trilha sonora no sacolejante coletivo.

No hotel, ali no lobby mesmo, fui equipada com o microfone, enquanto diversos chineses me olhavam (ou ao menos eu assim pensava) enquanto sem qualquer vergonha subia o vestido e prendia os plugs por meia e decote.

Uma vez dentro do taxi, rumamos ao início das gravações. Na agenda estavam previstos Macau Tower, Portas do Cerco, MercadoVermelho, Three Lamps District, Hotel e Casino Lisboa, uma voltinha de triciclo e o encerramento com bolinho de bacalhau.

Começar a gravar foi estanho. Riso nervoso, insegurança com as mãos (estou mexendo-as demais? De menos? Meu cabelo está em ordem??? Droga... a postura, cadê minha mãe nessa hora pra me lembrar de ficar reta? E a voz... Deus, onde foi parar minha oratória? Fugiu... junto com meu vocabulário, só pode!). Achamos um lugar lindo, a beira de um lago (milagre!) de águas limpas, calmo e elegante. Lara me bombardeou de perguntas... não lembro mais o que respondi, só sei que deveria dizer que amo minha família e sinto falta deles (todos eles) todos os dias. Mas ao invés disse morrer de saudades da Nina. Isso é verdade, mas me persegue o remorso de não mencionar os meus... afinal, rede nacional não deixa margem para dúvidas (será que ainda posso acrescentar esse depoimento?).

Dali, Macau Tower. O Henrique, portuga gente boa que agilizou as coisas estava a nossa espera. Sessenta e um andares depois, o deck e a vista de tirar o fôlego. Gravamos algumas cenas, repeti a mesma fala diversas vezes e ouvi ilimitados “não olhe para câmera”/“descontrai”. Eu sabia que não seria fácil, mas não pensei que isso se daria por eu estar “profissional” demais.

Foi decidido que a primeira aventura seria o Sky Walk, imagino eu que para “relaxar” só que tudo que eu pensava ao olhar para baixo era “gente, vamos saltar logo antes que a coragem vá embora. O Sky Walk consiste em uma caminhada pela plataforma externa da torre, preso a um cabo (que eu torcia para ser de aço). Muito mais relax e divertido do que eu esperava, não demorou muito e eu já estava correndo e saltando como se estivesse a poucos centímetros do chão, o que levava ao delírio o horda oriental que me assistia, fotografava e filmava.

Aliás, essa é outra experiência surreal. Por três horas eu fui famosa, com direito a muitas fotografias, gritinhos e sorrisos. Sinceramente, não sei do que as celebridades reclamam, pois pra mim foi tão legal!

Desequipa e equipa de novo, dessa vez pro salto. Troca sapatos, tira mais foto, pesa e repesa (droga, como foi que ganhei cinco quilos naquela balança???), abre-se a porta da plataforma e o vento frio me abraça. Estou a dez passos do abismo, versão literal.

Temporariamente distraída pela pequena entrevista com o neozelandês que gerencia o local, não percebi que a fila que me antecedia já havia acabado até chamarem meu nome. Nesse momento meu sangue congelou e passei a escutar apenas um zumbido que só deu lugar a contagem regressiva, devidamente interrompida pelo meu pânico.

Era isso, hora de saltar. Foi pra isso que vim, certo? Mais uma regressiva e, ridiculamente como quem pula na piscina fazendo bomba, lá fui eu. Enquanto caía, tentava racionalizar. Sei que depois do pânico vem a euforia mas eu mal tinha me entendido na situação já era hora de desatar os pés. Um loop e lá estava eu sentadinha depois da queda. Missão cumprida e eu mais do que super feliz.

Dali, após um breve almoço fomos para as Portas do Cerco. Chegamos no início do rush, e talvez por isso a segurança não nos viu gravando na área de imigração de Macau. Já era tarde para irmos ao Mercado Vermelho, então pegamos um shuttle e caímos no meio da área de jogo do Grand Lisboa.

Ilegalmente e na cara dura, andamos por entre as slots machines, falando e filmando e quando a segurança nos viu, rumamos discretamente para a saída. Honestamente era o nosso dia de sorte. Mais takes, mais repetições, outras coisas de Macau, joalherias que são na verdade casas de penhor e a aventura de explicar para o senhor que guiava o triciclo que queríamos ir em três naquela cadeirinha.

A fila a espera de taxis na frente do Casino Lisboa era gigantesca e novamente foi impossível não me sentir “alguém”. Fim do dia, já estávamos cansados e o cérebro corria lento. O passeio no triciclo foi mais umas das coisas típicas que eu nunca tinha feito. Encerramos o dia com bolinhos de bacalhau e voltar pra casa trouxe uma certa tristeza e vazio. Encerrada essa aventura, agora resta planejar a próxima “arte” da Sra. Carol (ouço minha mãe falar).

sábado, 30 de novembro de 2013

The Baby Leopard


I touched a leopard.... I stayed five magic minutes petting a 6 month old gorgeous wild cat and this made me incredible sad.


He was attached to a elegant wood table, chain in the middle, his stage, his altar. I saw him when I was leaving a market and couldn't believe that he was real. 

Without thinking I kneed in front of him in reverence, put my hand on his head and brought that beautiful baby closer to me, like if I could protect him somehow. No resistance... he was so full of drugs that he didn't even try to open his eyes.

Supposedly he belonged to a zoo and was being (ab)used as a promotion. The cost to take a picture was 100 bath. Very attractive for tourists wandering thru that insignificant street in Thailand. I refused. With my heart heavy I walked away feeling the most useless person on this planet.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

One sad song

Nada de "great day". Nada do frisson que eu deveria estar sentindo pela iminëncia de receber meus pais na minha casa pela primeira vez em toda minha vida. Nada de ansiedade pela minha primeira aula amanhã.

Nina não vem. Há tanta coisa que pode dar errado nessa viagem que é melhor que ela fique no Brasil. Posso buscá-la ano que vem.

Mais um ano sem Nina. Prá quê viver aqui então?


segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Elefantinho

Conversa de sofá:

- Amor, você já reparou que sempre copia os apelidos que eu te dou mas você mesmo nunca inventou um pra mim? (Isso porque tinha lido uma matéria que dizia que casais felizes se enchem de apelidos, coisas bestas de mulherzinha).

Depois de pensar por um tempinho ele com um grande sorriso no rosto responde: - Meu elefante!!! Que foi? Por que está brava? Eu "gosta" elefante! 

As vezes é melhor ficar quieta mesmo...