domingo, 23 de junho de 2013

Horóscopo

E hoje no meu horóscopo:

"Todos nós tendemos a projetar coisas de nossas almas sobre as outras pessoas, em maior ou menor grau, e em alguns momentos específicos. Convém, Carolina, neste momento, você avaliar melhor se aquilo que você tanto critica ou elogia em seu próximo está realmente no outro ou se é algo seu que se encontra projetado. Este pode ser um maravilhoso momento de complementaridade, em que surge alguém com as peças que faltavam para você montar um quebra-cabeças, mas pode também ser um momento de confronto, em que dolorosamente alguém lhe enfia o dedo na ferida."

Impressionante como as vezes a mensagem é tāo direta e pessoal.

domingo, 12 de maio de 2013

Dia das Mães


Oi Mamadi!

Nosso dia hoje foi tão lindo! Saiu um pouco do que eu tinha planejado e talvez, por isso mesmo, tenha sido tão especial.

Acordamos não muito cedo (Macau não tem pressa). Preparei seu café da manhã, com suco de laranja recém espremido. Pegamos o ônibus aqui em frente de casa rumo ao Mercado Vermelho. Você achou a maior graça do sotaque português na gravação que informava as "paragens". Ante a muvuca no centro velho, desembarcamos ali mesmo.

Segurei sua mão com força e lá seguimos com a multidão, sob a chuva fina, sentido ao comércio. Elouquecemos na Watsons! Tantos cosméticos e outras coisas que nem vimos a farmácia propriamente dita. Exploramos bem devagar a seção de comidas da Indonésia e Filipinas. Eu sei, super diferente!

Dali só mudamos de lado na rua e entramos na Sasa. As lojas de make no Paraguas ficam no chinelinho ante a imponência dessa aqui. Todas as marcas do mundo, todos os produtos para coisas que nem se imaginava. Mais comprinhas e o seu conselho: Carolina, você não está gastando demais? Sorrio.

A tarde pelo centro histórico passou tão rápido! Fomos as ruínas de São Paulo, na Fortaleza, no Museu... almoçamos um sanduíche, no Parque de Camões. Você gostou do chá daqui, fiz uma nota mental de comprar um de cada como presente.

Exploramos os antiquários, nos perdemos nas ruazinhas e sem saber como (ainda que não tenha dito) chegamos ao Mercado Vermelho. Todas aquelas barracas, vendendo as mais diferentes coisas, e gente, muita gente!

A noite caiu, as luzes da cidade fizeram seu show e lhe deixaram encantada, tanto quanto eu fico toda vez que olho pela janela.

Quem me viu passar sozinha hoje pelas ruas, sorridente e falante, não entendeu que na minha imaginação você estava comigo. Meus pensamentos estiveram com você do momento que acordei até agora, hora de te ligar.

A saudade é tão grande que dor não consegue definir. Talvez ela seja do mesmo tamanho do imenso amor que sinto por você.

Obrigada pela companhia. O meu domingo está chegando ao fim mas eu espero que o seu, que recém começou, seja assim feliz também.

terça-feira, 26 de março de 2013

La Solitudine

Dia desses minha mãe me perguntou se não me sentia só, posto que passo a maior parte do tempo sozinha (na verdade ela queria saber se não sinto saudades dela. ô mãe, e claro que eu sinto!). Mas sabe que não? Apesar de estar aqui sentada numa casa vazia, estou bem, em paz com minha própria companhia. 

E isso não tem preço! Tantas vezes me senti tão abandonada mesmo cercada de gente. Acho que encontrei a minha paz. Estou bem comigo, coisa inédita. 

E em caso de tristeza basta abrir a janela. Nesse exato momento tenho como vista o belo Lago Maggiore, que de tão perfeitamente belo frustra minha tentativa de descreve-lo, pois ela seria quase nada perto dessa tela onde há um gélido e largo lago com seus dois cisnes exibidos a desfilar perante a minha câmera. Fazendo fundo ao fofo vilarejo há enormes montanhas nevadas e entre a minha margem e a vilazinha do outro lado há vários barcos a vela, assim, no canto direito da foto.



terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Neve de Domingo

Ali, esperando o semáforo abrir, um pequeno bloquinho de gelo traçou seu caminho pelo pára-brisas imaculadamente limpo, mas morreu antes de completar seu trajeto rumo às paletas cobertas de neve, que mais lembram galhos secos.  

Tudo ao meu redor está coberto de branco. Uma delicada camada que se esfumaça pelos carros que por mim passam, ora virando vapor ora explodindo no chāo quando cai em porções. O sol brilha grandioso, numa de suas raras aparições por aqui, como se quisesse lembrar sua magnitude. A combinação de luz e neve chega a doer os olhos protegidos por óculos escuros. 

Eu vejo tudo através de novos olhos. A neve que sempre sonhei nāo decepciona a versão imaginada e a curiosidade vence o frio intenso que obriga a se encolher dentro de casa, sob a proteção do fogo da lareira e a companhia de uma boa caneca de chá.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Os Potes

E o que eu vi foram cacos. Todos os potes estāo quebrados, cada qual afundado em sua própria tristeza e dor, tão desesperados para achar uma maneira de se recompor que nāo conseguem ver que todos os potes estāo quebrados.

E vazios... abandonados a sua própria miséria.

Cada pote imagina estar em pior condição, quase ao pó. Isolados em suas prateleiras não podem formar um mosaico. Não encontram solução.

O pote maior sucumbiu a pressão do tempo. Partiu-se interiormente, mas por fora conserva uma aparência forte, bem estruturada. Quem olha não vê suas rachaduras profundas. Tão profundas que já comprometeram toda sua estrutura. Ele precisa de carinho, de colo, atençāo, saída. Ele precisa de uma vitrine que reconheça seu valor e não de mais peso inútil para abalar ainda mais suas frágeis estruturas. 

O pote médio, ao contrário, parece frágil. Acredita ser frágil, mas na realidade é o mais forte dessa triste coleção. É feito de barro e tem a força da natureza dentro. Mas se perdeu. Acredita que por ser barro é fraco, inferior, não nobre. Precisa descobrir seu valor e sua importância afinal plantas com raíz longa só se desenvolvem bem em firmes potes de barro.

Pobre potinho. Pensa que nāo é importante. Se perdeu na vida, abandonou seus sonhos, ideais e agora vaga a espera de alguém que lhe diga quanto vale. Tão preciso, tão único... conforma-se em ser xaxim de coco. Tão raro... ali, desperdiçado, escondido no quintal abandonado mas ainda guardando seu comprador, seu rumo, que seu destino se revele. 

Há tantos potes quebrados ao meu redor que me pergunto quando foi o terremoto que eu não vi.