quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Os Potes

E o que eu vi foram cacos. Todos os potes estāo quebrados, cada qual afundado em sua própria tristeza e dor, tão desesperados para achar uma maneira de se recompor que nāo conseguem ver que todos os potes estāo quebrados.

E vazios... abandonados a sua própria miséria.

Cada pote imagina estar em pior condição, quase ao pó. Isolados em suas prateleiras não podem formar um mosaico. Não encontram solução.

O pote maior sucumbiu a pressão do tempo. Partiu-se interiormente, mas por fora conserva uma aparência forte, bem estruturada. Quem olha não vê suas rachaduras profundas. Tão profundas que já comprometeram toda sua estrutura. Ele precisa de carinho, de colo, atençāo, saída. Ele precisa de uma vitrine que reconheça seu valor e não de mais peso inútil para abalar ainda mais suas frágeis estruturas. 

O pote médio, ao contrário, parece frágil. Acredita ser frágil, mas na realidade é o mais forte dessa triste coleção. É feito de barro e tem a força da natureza dentro. Mas se perdeu. Acredita que por ser barro é fraco, inferior, não nobre. Precisa descobrir seu valor e sua importância afinal plantas com raíz longa só se desenvolvem bem em firmes potes de barro.

Pobre potinho. Pensa que nāo é importante. Se perdeu na vida, abandonou seus sonhos, ideais e agora vaga a espera de alguém que lhe diga quanto vale. Tão preciso, tão único... conforma-se em ser xaxim de coco. Tão raro... ali, desperdiçado, escondido no quintal abandonado mas ainda guardando seu comprador, seu rumo, que seu destino se revele. 

Há tantos potes quebrados ao meu redor que me pergunto quando foi o terremoto que eu não vi.

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