terça-feira, 6 de novembro de 2012

Despejo


Quando na casa dos meus pais (que estranho pensar assim, quando foi que ela deixou de ser a minha casa?), sentada em uma das cadeiras brancas da sacada do meu quarto, enquanto contemplava a mesma paisagem suburbana, me questionava se um dia mudaria de cenário...se um dia conseguiria sair dali. 

Como as coisas podem mudar em um ano. Saí de lá! E isso ainda me surpreende pois por mais que desejasse nunca pensei que de fato conseguiria. Tinha até me conformado em ser aquilo... quase nada. Sempre tive asas grandes, mas nunca as usava. Não sabia como. Hoje tenho vivido por aí, mudando de país, seguindo o ritmo da música que agora me embala. 

Com isso tenho acumulado saudades. De pessoas, lugares e momentos. Tem tanta gente nova nessa minha vida. Tantas experiências. E ainda assim queria dividir o admirável mundo novo que tenho desbravado com quem por tanto tempo me acompanhou. 

Tem tanta coisa nova... até um despejo. Eu, que nunca havia mudado, recebi, quando ainda estava na Inglaterra, a notícia que minha casa nos Estados Unidos havia sido vendida. Nos deram dez dias para deixar o imóvel. Já se passaram cinco e hoje comecei a empacotar as coisas. Ainda nem começamos a procurar novo teto. 

Interessantes como são as coisas por outra perspectiva. Se antes eu achava a casa muito vazia, agora me pergunto da onde saíram tantas coisas a serem guardadas. Meus músculos estão ressentidos, por isso resolvi sair pra caminhar. 

Aí bate aquela tristeza. O inverno já se faz presente no vento e deixa o pôr do sol texano – geralmente laranja com um sol gigantesco – em tons frios de roxo e rosa. Lá vai a Nina espantar um bando de veados que se refugiavam no nosso quintal. É temporada de caça e não demoraescuto um tiro. Rezo para que errem sempre o alvo. 

Cai a noite, Nina e eu nessa casa semi vazia. Ainda há tanta coisa para embalar.

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